Garimpeiros utilizam mais de 1,2 mil pistas de pousos clandestinas na Amazônia, diz The New York Times

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Garimpeiros ilegais que atuam na floresta amazônica têm utilizado cerca de 1.269 pistas de pouso irregulares para impulsionar a atividade na região. As informações são do jornal The New York Times, que publicou uma reportagem com base em imagens de satélites analisadas desde 2016.

O g1 solicitou posicionamento do governo federal, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), do Exército Brasileiro (EB) e da Polícia Federal (PF), e aguarda retorno.

Segundo a publicação, as pistas são utilizadas para que aviões de pequeno porte transportem equipamentos e outros materiais que auxiliam na atividade extrativista a áreas de difícil acesso, onde não há estradas.

Além das estruturas construídas pelos próprios mineiros, até pistas de propriedade do governo brasileiro, utilizadas para que agentes de saúde cheguem a lugares remotos da floresta amazônica, estão sendo apropriadas por garimpeiros.

De acordo com agentes de saúde indígena ouvidos pelo The New York Times, o governo brasileiro perdeu completamente a gerência de algumas dessas pistas. Os relatos da reportagem afirmam que garimpeiros jogam combustíveis na pista quando não reconhecem uma aeronave que se aproxima e desejam dificultar o pouso.

Ao menos 362 das pistas estão a poucos quilômetros de áreas onde há extração de minério. Deste total, em torno de 60% das pistas estão situadas em reservas indígenas, onde é vedado qualquer tipo de exploração.

A publicação ainda cita que a indústria do garimpo ilegal cresceu ao longo do governo do presidente Jair Bolsonaro.

Terras Yanomami

Ao longo da reportagem, o The New York Times também cita que as imagens de satélites registam pelo menos quatro pistas nas terras indígena dos Yanomami, que permeia os territórios do Amazonas e de Roraima.

Maior território indígena do país, a reserva tem sido devastada pelo avanço do garimpo. As marcas da natividades ilegal na região são visíveis nas águas turvas dos rios e nas crateras a céu aberto.

O relatório “Yanomami sob ataque”, divulgado pela Hutukara em abril deste ano, apontou que, em 2021, a degradação causada pelo garimpo chegou à marca de 3.272 hectares, frente aos 2.234 hectares de 2020 — 1.038 hectares a mais em um ano.

Em quatro anos, de outubro de 2018 até o fim de 2021, a área destruída pelo garimpo ilegal quase dobrou de tamanho, ultrapassando 3,2 mil hectares.

As regiões com maior degradação causada pelo garimpo são, respectivamente, Waikás, Homoxi e Kayanau. Com excesso das regiões Surucucu, Missão Catrimani e Uraricoera, todas as áreas tiveram um crescimento na degradação de 2020 até o fim de 2021.

Pistas próximas a bases do Exército

Ainda de acordo com a publicação, foram identificadas 35 pistas não catalogadas a cerca de 80 quilômetros de três bases de monitoramento do Exército Brasileiro na terra dos Yanomami.

A suspeita é que as pistas também sejam utilizadas por mineradoras.

Além disso, o The New York Times destaca fragilidades na legislação que dificultam a aplicação de multas a responsáveis pela construção de pistas irregulares. Com informações de G1 Amazonas.

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