O sistema político “podre” do Brasil “não funciona” e o governo não consegue responder à crise econômica, disse o jornal britânico Financial Times (FT) em editorial nesta segunda-feira.
Sob o título “O terrível declínio econômico do Brasil”, o texto aponta para a “bagunça” da economia e a “desordem” das finanças do governo para dizer que a situação no país é “cada vez mais instável”.
Segundo o editorial, as coisas “podem piorar ainda mais” se outras agências de classificação seguirem os passos da Standard & Poor’s – que tirou, do país, o status de bom pagador – dizendo que “investidores estrangeiros poderão ser forçados a deixar o país”.
O jornal deixa claro que, “ironicamente”, não foram os problemas econômicos que levaram à decisão de rebaixar o país, mas sim a crise política.
Dilma Rousseff “é a presidente mais impopular da história do país, o que torna impossível para ela responder apropriadamente às turbulências econômicas…em especial com um Congresso mais preocupado em salvar a própria pele (das investigações da Operação Lava Jato)”.
“O sistema político do Brasil é conhecido por ser podre. Agora, ele também não funciona”.
O editorial abre com uma avaliação feita por um senador petista não identificado: “Se o Brasil fosse um paciente em um hospital, médicos da UTI o diagnosticariam como ‘terminal’. Os rins já eram, e o coração parará em breve”.
O jornal diz que o país enfrenta “a pior recessão desde a Grande Depressão (dos anos 20)”, prevendo contração de 3% neste ano e 2% no próximo.
O editorial não aponta para soluções da crise. O FT vê uma eventual saída de Dilma do cargo, seja por impeachment ou renúncia, como “um político medíocre sendo substituído por outro”, citando os possíveis substitutos – o vice, Michel Temer, ou os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, ambos investigados por corrupção.
“É uma situação cada vez mais instável. Todos concordam que não pode se prolongar, mas não há uma caminho claro de saída”.
Em editorial publicado em julho, o Financial Times comparou a situação do Brasil a um “filme de terror sem fim”. No mês passado, reportagem disse que o país passou de “um dos motores da economia global” para o “homem doente” dos mercados emergentes.