O DJ e apresentador britânico Jimmy Savile, morto em 2011, abusou sexualmente de pacientes, visitantes e funcionários em hospitais da Inglaterra, por quatros décadas, e chegou a praticar necrofilia. As informações foram reveledas por meio de novo relatórios das investigações e divulgadas pela imprensa britânica nesta quinta-feira.
Segundo o The Independent, as vítimas de Savile iam desde meninos e meninas de cinco anos até idosos de 75. Investigadores receberam relatos de que ele agia “deliberadamente” no necrotério do Leeds General Infirmary (LGI). Uma testemunha chegou a afirmar que ele usava “enormes anéis feitos a partir dos olhos de vidro de cadáveres” que estavam no local.
Sue Proctor, que liderou as investigações sobre o caso, afirmou que uma estudante de enfermagem se recordou de uma conversa com Savile, na qual ele disse que fazia “sexo com mortos”.
Em outro local onde os abusos teriam ocorrido, Broadmoor Hospital (hospital psiquiátrico de alta segurança localizado em Berkshire, na Inglaterra), os investigadores encontraram “falhas claras” de segurança e informaram que Savile tinha as chaves, permitindo-lhe acesso irrestrito no local.
De acordo com a investigação, pacientes do sexo feminino, na década de 1980, foram muitas vezes obrigadas a se despir e tomar banho na frente de funcionários, momento em que Savile costumava observar e, às vezes, fazer comentários inapropriados.
O inquérito sobre os abusos de Savile no LGI, após sua associação com o hospital, começou em 1960 e incluiu os depoimentos de 60 pessoas que deram relatos de suas experiências com o homem – 33 deles eram pacientes.
Um documentário exibido em 2012 pela ITV, afirma que ao menos 100 pessoas foram abusadas por Savile no hospital. O secretário de Saúde, Jeremy Hunt, pediu desculpas pelos abusos de Savile. “É importante, hoje, reconhecermos publicamente que tudo que eles (vítimas) disseram é verdade”. “Ele era doente e repugnante, e explorou a confiança de uma nação”, ressaltou o secretário.
Segundo jornais britânicos, desde o início dos anos 1970, a BBC – uma das empresas para a qual trabalhou – estava ciente das suspeitas contra Saville. Então responsável pela Radio 1, que faz parte do grupo, Douglas Muggeridge pediu ao apresentador um relatório sobre o caso em 1973. Na década seguinte, a BBC disse não ter encontrado evidências dos crimes e afirmou que não estava tentando acobertar as práticas de Saville.
Em 2012, o então diretor-geral do grupo, George Entwistle, reconheceu os casos de abuso, pediu desculpas e se comprometeu a promover uma investigação interna. No mesmo ano, Entwistle foi ao Parlamento Britânico falar sobre o caso. Suas respostas não diminuíram as críticas dos parlamentares sobre como a rede estava lidando com as acusações. O líder trabalhista Edward Miliband defendeu a instalação de uma investigação independente. Ao se referir ao caso, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, disse que a BBC “tem sérias questões a responder”.