Prevenir fatores de risco e integrar cuidado são tão importantes quanto tratamento oncológico

Os investimentos no combate ao câncer no Brasil, além de direcionados para o próprio tratamento, precisam fortalecer outras duas áreas: a promoção da saúde e a integralidade do cuidado.

Prevenir e combater os fatores de risco, assim como integrar a assistência aos pacientes, desde o diagnóstico até os cuidados paliativos, são medidas igualmente importantes quando postas na balança junto com as tecnologias de tratamento.

Isso porque podem diminuir a incidência da doença no país —somente em 2020, são esperados 625 mil novos casos—, além de assegurar o bem-estar do paciente e a agilidade nos cuidados.

O diagnóstico foi feito por especialistas nesta semana, durante a sétima edição do Congresso Todos Juntos Contra o Câncer, realizada virtualmente em razão da pandemia.

Katia Curi, da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), afirma que uma Certificação de Boas Práticas em Atenção Oncológica está sendo estruturada. A ideia é dar o selo para operadoras de saúde que se mostrarem capazes de oferecer um cuidado integrado aos beneficiários com câncer.

A certificação está sendo construída com base em experiência recente da ANS. De abril de 2017 a abril de 2018, 41 operadoras e prestadoras de saúde participaram do Projeto OncoRede, que buscou implementar um modelo diferenciado de cuidado aos pacientes oncológicos, com foco na integralidade da assistência.

Entre os objetivos, estavam agilizar o diagnóstico, assegurar laudos integrados de exames, formar times multiprofissionais e estruturar cuidados paliativos.

Os resultados, avalia a agência, foram positivos. A análise dos dados de 15 participantes que fizeram reportes mensais mostra que o tempo médio entre diagnóstico e tratamento caiu de 42 dias, em abril de 2017, para 37 em 2018.

No mesmo período, o percentual de pacientes em tratamento com laudos completos subiu de 81,3% para 94,3%.

Como lição, Curi lista uma série de estruturas a serem fortalecidas. “É fundamental investir em navegação do cuidado, ações para diagnóstico e detecção precoce, padronização das informações e atuação cooperativa dos prestadores de saúde, como laboratórios e hospitais.” Com informações de Folha de S.Paulo.