Pelo menos 11 pesquisas para candidatas à vacina contra Covid-19 estão em desenvolvimento no país. As universidade de São Paulo (USP), a Federal de Minas Gerais (UFMG), a Federal do Paraná (UFPR), o Instituto Butantan e a Fiocruz/Bio-Manguinhos são algumas das instituições que estão em busca de uma solução segura e eficaz 100% nacional.
A maioria dos projetos ainda está na fase de testes em animais, uma etapa inicial em estudos de imunizações. A expectativa é que os ensaios clínicos com humanos comecem apenas a partir do segundo semestre de 2021.
Em entrevista ao Metrópoles, o pesquisador Sérgio Costa, da UFMG, conta que o projeto desenvolvido por sua equipe usa a BCG, a bactéria usada na vacina contra a tuberculose, para produzir alguns genes que são expressados pelo Sars-CoV-2, induzindo o corpo a criar imunidade a ele. A pesquisa é desenvolvida em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e o Butantan.
“A BCG é extremamente segura, usada há muitos anos, sem efeitos adversos. Pensamos em melhorá-la para que possa atuar nas duas frentes. Ela também tem um efeito de ativar o sistema imune de forma heterogênea, potencializando as defesas contra outras patologias”, explica.
Segundo ele, a equipe está terminando os experimentos para fazer a bactéria expressar os genes da proteína Spike e do nucleocapsídeo do coronavírus in vitro e, no primeiro semestre do ano que vem, testará a fórmula em animais. “Como é uma vacina usada largamente, esperamos que a fase regulatória seja agilizada”, afirma.
Já o projeto da UFPR usa nanopartículas de polímero biocompatível e biodegradável que imitam os antígenos do vírus para acionar o sistema imune. Foi feito um experimento com camundongos — o grupo de animais que recebeu as partículas com a proteína viral teve 53 vezes mais anticorpos do que o grupo controle.
“As partículas que produzimos foram capazes de ativar o sistema imune para a produção de anticorpos contra o antígeno apresentado. Esse é um primeiro passo para um imunizante ter sucesso como vacina”, explica Marcelo Müller dos Santos, um dos responsáveis pelo desenvolvimento da candidata à vacina.
Agora, o grupo testará a fórmula em grupos maiores, com 12 camundongos, testando diferentes partículas e também a opção de vacina por via intranasal. A expectativa é concluir essa fase até a metade de 2021 e, se a imunização funcionar, entrar com pedido na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para começar os testes em humanos.
Fiocruz
À frente da produção da vacina de Oxford, a Fiocruz/Bio-Manguinhos também está desenvolvendo duas fórmulas por conta própria. O vice-diretor de Desenvolvimento Tecnológico da entidade, Sotiris Missailidis, explica que, desde o começo da pandemia, a Fiocruz está na corrida pela vacina.
São duas abordagens diferentes. Uma usa nanopartículas com peptídeos específicos da Covid-19 – a vantagem dela é ser sintética e, por isso, mais segura, já que não usa o vírus para fabricar a vacina.
“É uma abordagem mais inovadora, é uma tecnologia que apostamos com relação à novidade, baixo custo e rapidez de desenvolvimento. Por ser uma tecnologia nova, não competiria com o contrato de transferência de tecnologia da AstraZeneca e nada nos impediria de desenvolvê-la em paralelo”, conta Sotiris. Já a segunda usa fragmentos de proteínas do vírus expressas por uma bactéria.
As duas fórmulas da Fiocruz foram testadas em animais, em um estudo pré-clínico para avaliar se são tóxicas, se geram anticorpos e se há resposta celular imune.
O próximo passo envolve a aplicação das melhores fórmulas em hamsters, que serão expostos ao vírus, e se não forem contaminados, será provada a eficácia da vacina. A expectativa da Fiocruz é que uma das candidatas seja avaliada em humanos a partir do meio de 2021. Com informações de Metrópoles.








