O dia 3 de novembro, marcado como o Dia da Instituição do Direito de Voto da Mulher no Brasil, carrega um simbolismo que vai além da celebração. A data revela um capítulo da democracia brasileira em que o sufrágio feminino nasceu sob um regime autoritário e, por décadas, permaneceu limitado por barreiras legais e sociais que mantiveram as mulheres em posição de subordinação política.
A Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) consolidou uma agenda voltada ao fortalecimento dos direitos das mulheres, com a aprovação e sanção de mais de 30 leis que ampliam a proteção social, garantem autonomia econômica e enfrentam as desigualdades de gênero no Estado.
Essas legislações evidenciam o empenho da Aleam em responder a desafios históricos e atuais que afetam a vida das mulheres amazonenses. Ao articular proteção social, inclusão econômica, segurança e cidadania, o Parlamento demonstra que o combate às desigualdades de gênero requer ações estruturantes e permanentes, capazes de fortalecer a democracia e promover maior justiça social no Amazonas.
O presidente da Assembleia, deputado Roberto Cidade (UB), destacou que as mulheres são a maioria do eleitorado brasileiro e amazonense, o que mostra o quanto seu papel é decisivo para o futuro do Estado e do país. Ele ressaltou o compromisso da Casa em estimular a participação feminina na política e a ocupação de espaços de poder e decisão.
A deputada Alessandra Campelo (Podemos) destacou que a data celebra uma das maiores conquistas sociais do século passado.
Segundo ela, o voto feminino “abriu as portas da democracia para mais da metade da população brasileira” e reforçou a importância da presença feminina na política.
A parlamentar ressaltou que, com mais mulheres no Parlamento, houve avanços em temas como o combate à violência, a dignidade menstrual, a igualdade salarial, a licença-maternidade e o atendimento especializado às vítimas.
Alessandra lembrou, no entanto, que a luta ainda não terminou. Mesmo sendo maioria da população e do eleitorado, as mulheres continuam minoria nos espaços de poder. “Quando as mulheres não estão nas mesas onde as leis são feitas, o que está em jogo não é apenas representatividade, mas também orçamento, prioridades, proteção e políticas públicas”, observou.
Já a deputada Mayra Dias (Avante) lembrou que o voto feminino representa mais que o direito de escolher representantes: é a afirmação da voz e da força das mulheres na construção de uma sociedade mais justa e democrática. Para ela, cada voto feminino simboliza resistência, luta e esperança.
“Graças às mulheres que enfrentaram o silêncio e o preconceito, hoje ocupamos espaços de decisão e seguimos ampliando nossa participação política”, afirmou. A parlamentar reafirmou ainda o compromisso de defender os direitos das mulheres, garantir igualdade de oportunidades e fortalecer políticas públicas que assegurem voz, dignidade e representatividade.
Histórico
A década de 1920 foi marcada por intensas transformações sociais, culturais e políticas que abalaram as estruturas da República Velha. Em 1922, eventos como a Semana de Arte Moderna, o avanço do Movimento Tenentista e a criação do Partido Comunista do Brasil expressaram o desejo de renovação e contestação da ordem vigente.
Nesse contexto, o movimento feminista ganhou visibilidade, liderado por figuras como Maria Lacerda de Moura e Bertha Lutz, que fundaram a Liga para a Emancipação Internacional da Mulher. O grupo defendia a igualdade de direitos, o acesso à educação e o direito ao voto.
Bertha Lutz ampliou sua atuação com a criação da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), primeira organização feminista de alcance nacional. Um dos principais objetivos da Federação era assegurar direitos políticos às mulheres e capacitá-las para exercê-los de forma plena e consciente, além de promover a integração com movimentos feministas de outros países das Américas.
Assim, o movimento das primeiras décadas do século XX lançou as bases da conquista dos direitos que moldaram o futuro da cidadania feminina no Brasil.








