Comandante Dan afirma que organizações criminosas afrontam a ordem democrática

Presidente da Comissão de Segurança Pública, Acesso à Justiça e Defesa Social da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), o deputado Comandante Dan (Podemos) se pronunciou, na quinta-feira (30/10), sobre a desordem social ocorrida na noite de quarta-feira (29/10), no bairro da Compensa, zona Oeste de Manaus. As forças de segurança pública enfrentaram manifestações populares violentas, supostamente em represália à morte de membros amazonenses da facção criminosa CV, durante operação policial na cidade do Rio de Janeiro.

“As organizações criminosas são um enfrentamento público à ordem democrática, já que medem forças com o poder constituído democraticamente pelos cidadãos. Considero a manifestação na Compensa, ontem, grave, mas previsível. O Amazonas tem indícios de sobra do poder das orcrimes (organizações criminosas) disputando espaço com o poder público e estabelecendo uma governança criminal em várias áreas do Estado”, enfatizou.

O parlamentar, que comandou a Polícia Militar do Amazonas entre 2008 e 2011, repercutiu o estudo “A Amazônia sob ataque, mapeando o crime na maior floresta tropical do mundo”, publicado pela organização jornalística Amazon Underworld no dia 21 de outubro.

O documento apresenta Manaus como o epicentro do narcotráfico no Norte da América do Sul, um elo logístico estratégico que conecta a produção da Colômbia, Peru e Bolívia aos mercados internacionais. A calha do rio Solimões seria a principal hidrovia de entrada da droga no país.

“Não sou cidadão carioca, nem eleito pelo Rio de Janeiro. Eles têm os problemas deles, e os nossos aqui não são menores, muito pelo contrário. Precisamos, em vez de debater o problema de terceiros para render dividendos políticos a quem quer que seja, nos debruçar sobre as possíveis soluções para os nossos problemas, que estão aumentando significativamente a governança criminal no Estado, isso sim”, declarou Comandante Dan.

O parlamentar defende veementemente a tese do controle das faixas de fronteira internacional e das divisas com outros estados brasileiros como forma de conter o avanço das facções transnacionais.

“Se nada acontecer nesse sentido, ficaremos correndo atrás de bandido de segundo escalão, o que é caro e não dá resultado. Estaremos enxugando gelo. Aqui, uma operação nas áreas mais pobres da cidade não seria efetiva, porque os chefes do crime não estão lá, e sim nas áreas mais privilegiadas, em grandes condomínios fechados e edifícios de altíssimo padrão. Precisamos barrar o crime na fronteira e precisamos da participação da União para sermos bem-sucedidos”, avaliou.

Desde 2023, o deputado Comandante Dan tem proposto medidas emergenciais aos governos federal e estadual para o controle da atividade criminal, com foco na ocupação ostensiva e permanente da faixa de fronteira.

“Estive com dois diferentes ministros da Justiça e Segurança Pública tratando do assunto. Esse é o nosso papel enquanto legisladores, mas tudo depende de uma decisão e de uma tomada de atitude do Executivo estadual”, disse.

Comandante Dan lembrou o episódio ocorrido em agosto deste ano, quando a facção criminosa CV realizou uma queima de fogos em todas as zonas de Manaus.

O evento foi uma comemoração pela tomada do comando criminal da comunidade Nossa Senhora de Fátima, na Zona Norte da capital, onde a orcrime distribuiu cestas básicas aos moradores.

O deputado defende que as ações de monitoramento e controle, prevenção e repressão devam ser acompanhadas de uma política de defesa social, que estabeleça uma nova ordem nas áreas-alvo das operações.

“O cenário vivenciado hoje no Rio de Janeiro não é muito diferente da intervenção ocorrida em 2010, quando da ocupação do Complexo do Alemão como primeira ação para retomada do controle do Estado e pacificação do território, a fim de implantar as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP). O programa falhou porque houve apenas a retomada do terreno, sem ocupá-lo com novas perspectivas para a população. As políticas públicas voltadas à proteção social,  como educação, saúde, infraestrutura, emprego e renda, entre outras, não foram efetivadas, gerando descontinuidade e a falência do programa. No Amazonas, não é diferente”, finalizou.