Torcedores lotam sambódromo no lançamento do álbum ‘Boi do Povo, Boi do Povão’

Um sambódromo lotado, milhares de torcedores cantando e vibrando em um espetáculo de pura emoção e paixão pelo boi vermelho. Qualquer tentativa de descrição parece pouco para traduzir o que foi o primeiro Curral do Boi Garantido de 2025, realizado na noite passada, em Manaus.

Promovido pelo Movimento Amigos do Garantido (MAG), o evento confirma que, a pouco mais de dois meses do 58º Festival Folclórico de Parintins, as toadas deste ano já conquistaram o coração do povo — ou do povão, como preferirem os leitores.

A presidente do MAG, Cláudia Santos, celebrou a presença massiva do público e o clima de festival que tomou conta do sambódromo. Segundo estimativa da organização, cerca de 8 mil pessoas compareceram ao evento.

“Só temos a agradecer e pedir bênçãos para esta temporada. E no próximo sábado teremos a Noite da Batucada. Toda a Nação Vermelha e Branca está convidada”, disse Cláudia.

O espetáculo teve início com uma saudação ancestral. O cacique Paulo Tucano subiu ao palco e saudou o público, abrindo o evento que, no primeiro ato, uniu dançarinos caracterizados como ribeirinhos e indígenas — uma mistura de povos que inspira boa parte das toadas deste ano.

David Assayag e Márcia Siqueira conduziram as vozes principais, embaladas pela batida inconfundível da Batucada. A partir daí, seguiram-se momentos apoteóticos. Sob o comando de Israel Paulain, a tradicional contagem deu início à primeira toada do álbum 2025: “Garantido é Pressão” (Gaspar Medeiros, Domingos Barbugian, Marco Choy e Fernando Feitoza).

Em seguida, mais emoção: o astro maior, o boi Garantido, surgiu no sambódromo sobre uma plataforma mecânica transformada em minialegoria. Mesmo com espaço reduzido, o tripa Batista Silva fez o boi evoluir com maestria.

Na sequência, o amo João Paulo Faria lançou versos pontiagudos, provocando o boi contrário e incendiando a Nação Vermelha. Isabelle Nogueira, a cunhã-poranga, foi recebida com aplausos e gritos, encerrando sua evolução erguida por uma estrutura metálica — um momento de tirar o fôlego.

Márcia Siqueira retornou ao palco para cantar “Artesãs Indígenas” (Geandro Matos, Ulisses Rodrigues, José Carlos de Sales e Wanderson Rodrigues), toada que já desponta entre as favoritas da perrechézada.

Adriano Paketá também chegou pelo alto, carregado por dançarinos do Garantido Show em uma padiola ornamentada. Evoluiu com a toada “Xamã Bahsese” (Helen Veras, André Moraes, Alex Jorge e Pedro Vilaça), em um forte momento de exaltação indígena.

A estreante Jéveny Mendonça empunhou o estandarte do Garantido, revelando o tema de 2025 bordado. Lívia Christina, a rainha do folclore, brilhou ao som de “Povo Negro da Amazônia” (Helen Veras, Jorge Moraes, Manica Sobral e Sebrinn). A sinhazinha da fazenda reserva, Jader Batista, substituiu Valentina Coimbra, ausente na noite.

Israel Paulain, comandante da festa e voz experiente do boi, encerrou o show empolgado.

“Estou além da exaustão. Esse pirão de gente foi fantástico, foi energizante, foi pressão! Fizemos um grande lançamento em Parintins (no último dia 11) e aqui consolidamos. A galera abraçou nosso álbum”, afirmou.

A festa seguiu até as 3h, com participações especiais de Leonardo Castelo, Luciano Araújo, Márcia Novo, Carlinhos do Boi e Felipe Júnior.