A mesma Bacia do Rio Amazonas que tem registrado baixas históricas em 2024 também registrou grandes cheias há poucos anos. Na sexta-feira (4/10), o trecho do Rio Negro que passa por Manaus (AM) que atingiu o menor nível em 121 anos de medição, conforme os dados do Serviço Geológico do Brasil (SGB). A cota chegou a 1.266 centímetros, ou seja, 12,66 metros, batendo a marca de 12,7 metros, registrada em outubro de 2023.
As secas nos dois últimos anos contrasta com as cheias registradas entre 2021 e 2022. Segundo o coordenador nacional dos Sistemas de Alerta Hidrológico do SGB, Artur Matos, a última década tem sido marcada por eventos extremos na Bacia do Rio Amazonas associados às mudanças climáticas.
“Os anos de 2021 e 2022 foram marcados por grandes cheias, enquanto os de 2023 e 2024 por grandes secas. É um indicativo de que os extremos estão mais frequentes”, explicou Matos.
O Rio Negro percorre mais de 1,3 mil km do território brasileiro. Ele é considerado o maior afluente da margem esquerda do Rio Amazonas. O nível atual corresponde a menos da metade do maior nível atingido por ele nas cheias, até então, que foi de 30 metros, em junho de 2021.
Seca severa
Neste ano, a seca chegou mais cedo em várias regiões da Amazônia. Ela também está mais severa e mais extensa este ano. Importantes rios da região sequer tinham se recuperado da seca histórica do ano passado quando foram atingidos pela atual estiagem.
A seca severa na região tem provocado baixas históricas em vários rios da Bacia do Rio Amazonas. Em média, entre agosto e outubro, o Rio Negro tende a reduzir em torno de 13 centímetros por dia, em razão da estiagem. Este ano, os números diários estão acima disso, com uma média de 19 cm. O pico foi atingido no dia 16 de setembro, quando a redução, em 24 horas, chegou a 26 cm.
Só no estado do Amazonas, segundo o último boletim da Defesa Civil, quase 750 mil pessoas já foram impactadas pela seca. O quadro, porém, não se restringe ao local. Outros estados do Norte do Brasil vivenciam o mesmo, com reduções históricas em rios, como: Madeira, em Rondônia, Tapajós, no Pará, e Rio Acre, no Acre.