Marçal sobre agressões: “Por que soco vale mais do que uma cadeirada?”

Metrópoles

São Paulo — O candidato do PRTB à Prefeitura da capital, Pablo Marçal, afirma, em sabatina promovida pelo Metrópoles, que o soco dado por um de seus assessores no rosto do marqueteiro do prefeito Ricardo Nunes (MDB), Duda Lima, no debate do Flow, na noite da última segunda-feira (25/9), não é mais grave do que a cadeirada que levou do candidato do PSDB, José Luiz Datena, durante o debate da TV Cultura.

Nahuel Gomez Medina, videomaker de Marçal, agrediu Duda Lima logo após Marçal ser expulso do debate do Flow após chamar Nunes de “bananinha” e dizer que o prefeito seria preso pela Polícia Federal. Segundo o mediador Carlos Tramontina, ele descumpriu as regras do debate três vezes seguidas.

Nahuel foi levado para o 16º Distrito Policial de São Paulo, onde ficou detido até as 5h do dia seguinte. Ele acusa o marqueteiro de Nunes de tê-lo agredido primeiro. Um vídeo divulgado por Marçal mostra Duda Lima batendo no celular que ele usava para filmá-lo dentro do estúdio do debate.

“Por que ninguém pegou no pé do Datena? Porque relativizou ele? Ontem [segunda] ficaram gritando no debate: ‘Tem que prender [o Nahuel]’. Mas por que o soco vale mais do que uma cadeirada?”, diz Marçal ao Metrópoles.

O candidato do PRTB nega que Nahuel tenha sido conduzido e diz que ele registrou um boletim de ocorrência contra Duda Lima. Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), isso não ocorreu e as duas agressões serão investigadas no mesmo inquérito policial.

Marçal ainda acusa o Flow de manipular o debate e diz que o mediador Carlos Tramontina usou dois pesos e duas medidas com os candidatos para expulsá-lo. Questionado sobre o episódio, o influenciador diz que é “jogador” e que assinou as regras do debate.

“Não faz sentido em um debate um sorteio sair três vezes eu com a Marina [Helena, do Novo]. Isso é improvável na matemática. O Tramontina não interrompeu a fala do Datena. Ele ficou por dois minutos me destruindo”, diz. “Se eu quisesse baixar a cabeça para essa injustiça, ficaria e não seria expulso. Aquilo ali é um absurdo, expulsar faltando dez segundos justamente porque eu não tive a liberdade de falar o que eu tinha que falar”, acrescenta.

Marçal ainda nega que a postura adotada durante a campanha seja um exemplo negativo para os jovens que o seguem e diz que os episódios de violência em que se envolveu partiram de seus adversários.

“Eu aprendi a ser um influenciador e mudar a vida das pessoas, restaurar casamentos, fazer pais, filhos perdoarem seus pais. Se, realmente, eu tenho impactado essa geração. Cada um assume sua própria responsabilidade”, afirma.

Marçal foi o quinto e último entrevistado da série de sabatinas do Metrópoles com os cinco candidatos à Prefeitura de São Paulo mais bem colocados nas pesquisas eleitorais. Além dele, também participaram Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSol), Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB). As entrevistas foram ao ar entre os dias 10 e 25 deste mês e estão disponíveis no canal do Metrópoles no YouTube.

Marçal nega que tenha incitado a população à violência ao convocar seus seguidores para uma “revolta” e uma “guerra” após ser expulso do debate do Flow. A declaração foi dada durante uma transmissão ao vivo em seu Instagram. O candidato disse que a revolta será feita com “celulares”.

“Se você continuar ouvindo a live, eu falo, nós não precisamos de armas. A gente precisa do celular para desbancar esses jornazistas”, afirma.

Confira abaixo os principais temas da sabatina e a íntegra da entrevista no canal do Metrópoles no YouTube:

Insultos e agressões

Pablo Marçal compara o soco dado por seu assessor Nahuel Medina no rosto do marqueteiro de Ricardo Nunes (MDB), Duda Lima, durante o debate do Flow, na noite da última segunda-feira (23/9), à cadeirada que levou de José Luiz Datena (PSDB) no debate da TV Cultura, em 15 de setembro.

Para Marçal, o episódio no qual ele foi agredido foi relativizado porque ele é de direita . “Por que ninguém pegou no pé do Datena? Porque relativizou ele? Ontem ficaram gritando no debate: ‘Tem que prender [o Nahuel]’. Mas por que o soco vale mais do que uma cadeirada?”

Marçal sustenta que seu assessor agiu em legítima defesa e que registrou um boletim de ocorrência contra Duda Lima por agressão — um vídeo divulgado por ele após o debate mostra o marqueteiro batendo no celular usado por Nahuel para filmá-lo no local do debate.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, não houve registro de B.O. por parte de Nahuel e as duas agressões serão investigadas em um mesmo inquérito policial. O assessor de Marçal passou horas detido na delegacia e teve que esperar Duda Lima ser atendido no hospital e prestar depoimento para ser liberado.

O candidato do PRTB ainda nega que a postura adotada durante a campanha, com uma série de ofensas pessoais e apelidos jocosos contra os adversários, seja um exemplo negativo para os jovens que o seguem e disse que os episódios de violência em que se envolveu partiram de seus rivais.

Incitação à violência

Marçal nega que tenha incitado a população à violência ao convocar seus seguidores para uma “revolta” e para a “guerra” após ser expulso do debate do Flow e seu assessor ter agredido o marqueteiro de Nunes. A declaração foi dada durante uma transmissão ao vivo em seu Instagram. O candidato disse que a revolta será feita com “celulares”.

“Se você continuar ouvindo a live, eu falo, nós não precisamos de armas. A gente precisa do celular para desbancar esses jornazistas”, afirma.

Pesquisas eleitorais

Mais uma vez, Marçal questiona as pesquisas de intenção de voto, que apontam para um alto índice de rejeição do candidato, sobretudo entre as mulheres, e o colocam em terceiro lugar, numericamente atrás de Ricardo Nunes (MDB) e de Guilherme Boulos (PSol).

Ele afirma que o único instituto confiável é o Veritá, que o coloca em primeiro lugar nas pesquisas, fora da margem de erro, porque foi o que mais se aproximou do resultado do primeiro turno da eleição para governador de São Paulo, em 2022.

Questionado sobre os erros do mesmo instituto naquele ano, como da eleição presidencial e de Alagoas, Marçal admite que ela “pode estar erra”, mas diz que suas próprias pesquisas mostram que seu desempenho é ainda melhor.

“É por isso que ninguém tem que [se] curvar para pesquisa. A que não tem manipulação pode estar errada. Imagino a que tem manipulação”, afirma.

Empregos

Marçal reafirma a promessa de gerar 2 milhões de empregos na capital em quatro anos e diz que o número de postos de trabalho, quatro vezes maior do que número oficial de desempregados na cidade, inclui os chamados “nem-nem”, que nem estudam e nem trabalham, quem recebe auxílio como o Bolsa Família, e pessoas que devem migrar de cidades da Grande São Paulo para a capital.

“Quando eu gero 2 milhões de empregos eu estou atraindo gente para cá. Se a gente não consegue qualificar a nossa sociedade, eu vou ter que trazer gente de fora. Eu não quero emprego do passado, não quero emprego que solta fumaça”, afirma.

Questionado sobre o baixo número de funcionários com carteira assinada (CLT) que possui em suas empresas em São Paulo — dados oficiais do Caged mostram que em 25 empresas existem 45 funcionários registrados — Marçal nega que o número seja verdadeiro e diz que, sozinha, a escola que possui em Goiânia tem mais funcionários com carteira assinada.

Prédio de 1 km

Uma das promessas de Marçal para desenvolver a periferia da zona sul de São Paulo e alavancar o turismo na capital é a construção de um prédio de 1 km de altura, que custaria R$ 20 bilhões e seria erguido em 10 anos.

Ele havia prometido que o projeto não terá dinheiro público, apesar de falar em Parceria Público Privada (PPP), mas admite que a Prefeitura pode participar cedendo o terreno e até “pegar uma parte do prédio”, o que não havia dito anteriormente.

“Não é uma PPP. A gente pode entrar com o terreno ou entrar com a liberação disso e pegar parte desse prédio para a prefeitura. Vai ter a parceria com o privado para acelerar”, afirma.

Centros olímpicos

O candidato do PRTB tem apresentado como projeto para a educação a criação de mil centros olímpicos, onde haveriam equipamentos para o desenvolvimento esportivo dos alunos, a um custo de R$ 1,5 bilhão, também sem dinheiro público.

Segundo o candidato, a ideia é que empresas invistam na construção de espaços para a prática de esportes e convívio de toda a sociedade. Ele afirma que as desapropriações dos terrenos para os centros olímpicos serão obtidas por meio de permutas de prédios públicos.

Confrontado com o custo de de R$ 50 milhões para construção de um Centro Educacional Unificado (CEU), referência em espaço poliesportivo em escolas municipais, ele diz que é possível fazer mais barato evitando corrupção.

“Mas é claro, você põe na mão de petista para fazer. Quem foi que criou o CEU? Foi petista. Pega aí, eles vão fazer ciclovia e gastam milhões. Parece que está pintando com ouro o chão. É o que estou falando para vocês, se colocar esses burocratas corruptos e comunistas, você vai pagar muito mais. É um preço que não faz sentido”, afirma.

Acordo com facções em El Salvador

Durante a campanha, Marçal viajou para El Salvador, país da América Central governado pelo presidente de direita Nayib Bukele, cuja gestão tem sido acusada de violar os direitos humanos e praticar uma política de encarceramento em massa para reduzir a criminalidade.

O candidato do PRTB faz uma série de elogios a El Salvador e se encontrou no início de setembro com o ministro da Justiça, Gustavo Villatoro. Na sabatina, Marçal foi questionado sobre a suspeita de acordo feito pelo governo daquele país com facções locais para reduzir a criminalidade.

Segundo o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, o número 2 da pasta de Villatoro, Osiris Luna, e um outro funcionário do alto escalão do governo “lideraram, facilitaram e organizaram reuniões secretas envolvendo lideranças encarceradas das facções, em que membros das facções foram autorizados a entrar nas prisões e se encontrar com os seus superiores presos”.

O governo americano diz que “os encontros foram parte dos esforços do governo de El Salvador por um acordo com as lideranças das facções”. Inclusive, o acordo envolveria o apoio das principais facções do país, Bairro 18 e MS-13, ao partido de Bukele, Nuevas Ideas.

Marçal chama as suspeitas de ilações e diz que confia nas informações do governo de El Salvador. “Isso eu ouvi do próprio Gustavo. Essas ilações colocaram contra ele porque eles resolveram o problema”, afirma. Sobre as acusações de violação de direitos humanos, com um estado de exceção renovado mais de 30 vezes, o candidato diz: “Eu acredito no resultado, não importa o meio”.

Processo seletivo e PCC

Questionado sobre como pretende fazer o processo seletivo que promete para formar um eventual governo após escolher um partido cujo presidente, Leonardo Avalanche, é suspeito de ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e dar uma procuração a um despachante réu por narcotráfico, Marçal diz que vai analisar a “vida pregressa das pessoas” e que, se eleito, vai “tirar imediatamente” funcionários que “têm alguma coisa que atrapalhe a conduta da pessoa”. Ele, no entanto, afirma que “não pode condenar um cara à eternidade”.

“O cara teve algum problema, seja administrativo, seja de qualquer ordem. Está resolvido? Não tem problema. Se esse cara, na sociedade, trouxe benefício, aumentou a produtividade, de fato tem servido a sociedade, é uma coisa. Agora, a pessoa está lá no cargo e abre um indiciamento, igual a esses caras de máfia de creche, aí tem que tirar todo mundo, inclusive prefeito”, afirma.

O presidente do partido do Marçal, Leonardo Avalanche, é acusado de ligação com o PCC e flagrado em um áudio dizendo que teria atuado para soltar membros da facção, como André do Rap. No início de setembro, o candidato prometeu “honrar” Avalanche e disse acreditar em sua inocência.