O desmatamento da Amazônia teve em fevereiro seu 11º mês consecutivo de redução. De acordo com o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon, a devastação em janeiro e fevereiro atingiu 196 km², 63% a menos do que nos mesmos meses em 2023, quando foi detectada a destruição de 523 km². Com isso, o primeiro bimestre de 2024 fechou com a menor derrubada da floresta dos últimos seis anos, desde 2018.
Apesar da boa notícia, o primeiro bimestre do ano ainda apresentou um desmatamento acima do registrado no mesmo período entre os anos de 2008 a 2017, com exceção apenas de 2015. Em todos os outros anos, a derrubada permaneceu abaixo dos 150 km².
Comparando com as capitais brasileiras, a área de floresta perdida em janeiro e fevereiro na Amazônia supera os territórios de três delas: Vitória (97 km²), Natal (167 km²) e Aracaju (182 km²). Já se equipararmos com campos de futebol, a devastação no primeiro bimestre chegou a quase 327 por dia.
“Esses dados mostram que ainda temos um grande desafio pela frente. Atingir a meta de desmatamento zero prometida para 2030 é extremamente necessário para combater as mudanças climáticas”, afirma Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon. “Uma das prioridades do governo deve ser agilizar os processos em andamento de demarcação de terras indígenas e quilombolas e de criação de unidades de conservação, pois são esses os territórios que historicamente apresentam menor desmatamento na Amazônia”, completa.
Maiores desmatadores
Entre os nove estados que compõem a Amazônia Legal, dois deles apresentaram aumento no desmatamento em fevereiro. O Maranhão, onde a devastação passou de 2 km² em fevereiro de 2023 para 5 km² no mesmo mês deste ano, uma alta de 150%, e Roraima, onde a destruição foi de 19 km² para 26 km², 37% a mais.
Porém, no acumulado do bimestre, apenas o Maranhão fechou com alta. No estado, a derrubada acumulada em janeiro e fevereiro de 2024 fechou em 8 km², antes 7 km² no mesmo período do ano passado, um aumento de 14%. “Observamos que a derrubada neste estado está avançando para dentro dos territórios de áreas protegidas, como a Reserva Biológica do Gurupi e a Terra Indígena Porquinhos dos Canela-Apãnjekra”, comenta Bianca Santos, pesquisadora do Imazon.
Já em relação ao tamanho das áreas desmatadas nos dois primeiros meses de 2024, os estados que lideram o ranking são Mato Grosso (32%), Roraima (30%) e Amazonas (16%). Juntos, eles somam 152 km² de florestas derrubadas no bimestre, 77% de toda a destruição detectada na Amazônia.
No caso de Mato Grosso, o avanço do desmatamento está ocorrendo principalmente por causa da expansão agropecuária. Em Roraima, a derrubada tem avançado inclusive dentro de terras indígenas. Já no caso do Amazonas, onde os municípios da região Sul têm sido os mais críticos, também chamou a atenção dos pesquisadores a expansão do desmatamento nos assentamentos.
O Pará, que em vários anos anteriores chegou a liderar como o estado que mais desmatou a Amazônia, apresentou redução de 70% na derrubada nos primeiros meses do ano em relação ao mesmo período de 2023. Com isso, ficou em quarto lugar no ranking dos estados que mais devastaram a floresta no primeiro bimestre, com 26 km², 13% do registrado em toda a região.