O primeiro bimestre de 2024 acabou com o menor desmatamento nos últimos seis anos na Amazônia, mostra o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) em dados divulgados nesta segunda-feira (18/3).
A derrubada de floresta em janeiro e fevereiro atingiu 196 km², o que corresponde a 63% da devastação registrada no mesmo período do ano passado, quando 523 km² de reserva foram destruídos.
Fevereiro detectou 117 km² de desmatamento na Amazônia Legal, uma redução de 64% em relação ao mesmo mês de 2023, quando 325 km² foram destruídos. Neste ano, a derrubada de floresta foi registrada no Mato Grosso (38%), Amazonas (22%), Roraima (22%), Pará (10%), Maranhão (4%), Rondônia (3%) e Acre (1%).
“Esses dados mostram que ainda temos um grande desafio pela frente. Atingir a meta de desmatamento zero prometida para 2030 é extremamente necessário para combater as mudanças climáticas”, afirma Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon.
“Para isso, uma das prioridades do governo deve ser agilizar os processos em andamento de demarcação de terras indígenas e quilombolas e de criação de unidades de conservação, pois são esses os territórios que historicamente apresentam menor desmatamento na Amazônia”, cobra Larissa Amorim.
Maranhão e Roraima tiveram aumento na derrubada de floresta em fevereiro deste ano. O desmatamento no Maranhão saiu de 2 km² no segundo mês de 2023 para 5 km² no mesmo período em 2024. Em Roraima a destruição saiu de 19 km² para 26 km², 37% a mais.
No entanto, no acumulado do bimestre, apenas o Maranhão registrou alta.
“Apesar da área desmatada no Maranhão ter sido a sexta menor no bimestre, esse aumento requer atenção, uma vez que todos os outros estados tiveram queda. Observamos que a derrubada neste estado está avançando para dentro dos territórios de áreas protegidas, como a Reserva Biológica do Gurupi e a Terra Indígena Porquinhos dos Canela-Apãnjekra”, ressalta Bianca Santos, pesquisadora do Imazon.
Segundo o levantamento, em fevereiro deste ano, a maioria (68%) do desmatamento ocorreu dentro de áreas privadas ou sob diferentes estágios de posse. O restante foi registrado em Assentamentos (22%), Unidades de Conservação (7%) e Terras Indígenas (3%).
A Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu, no Pará, foi a unidade de conservação mais desmatada da Amazônia nos primeiros dois meses deste ano. Foram 5 km² perdidos no primeiro bimestre.
“A APA Triunfo do Xingu já havia ficado no topo do ranking de desmatamento do ano passado, de janeiro a dezembro, e segue com registros de derrubada dentro de seu território. É uma unidade de conservação que precisa de proteção especial neste ano para acabar com a devastação”, destaca Bianca.