Fumaça de queimadas esconde sol em Manaus; qualidade do ar é péssima

Sarah Teófilo/Metrópoles

Com o aumento de focos de incêndio, a situação do Amazonas continua alarmante. A fumaça de queimadas na Floresta Amazônica atinge Manaus e esconde o sol da capital, assim como o horizonte do Rio Negro, que banha a cidade. Além das queimadas, a população local vivencia uma seca histórica na região.

O projeto World Air Quality Index, que observa a qualidade do ar em todo o mundo, aponta que em Manaus, nesta sexta-feira (3/11), a situação é considerada muito insalubre e puxa o Brasil para a 16ª posição entre os piores do mundo. A plataforma adverte que, quando o nível está assim, toda a população tem maior probabilidade de ser afetada.

“Crianças e adultos ativos, e pessoas com doenças respiratórias, como asma, devem evitar todos os esforços ao ar livre”, informa a organização.

A causa desse cenário são as queimadas na Amazônia. Os dados de focos de queimada no estado são os piores desde 1998, quando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) iniciou o monitoramento.

Neste ano, o Amazonas registrou 18.680 focos de incêndio até o momento. Só em outubro, foram 3.858 focos de calor, mais que o dobro do que foi registrado no mesmo mês do ano passado.

Emergência ambiental com seca e queimadas

O cenário fez com que o governo do Amazonas decretasse, ainda em setembro, emergência ambiental. Ainda assim, a avaliação da Defensoria Pública do estado é que há inércia por parte do governo. O órgão pediu à Procuradoria-Geral da União (PGR), no mês passado, uma intervenção federal, apontando que a situação atual pode levar a uma nova crise de oxigênio tão grave quanto a registrada em 2021, durante a pandemia de Covid-19.

Somado a isso, a região amazônica registra uma seca histórica. O Rio Negro, um dos principais afluentes do Rio Amazonas, teve o nível mais baixo registrado neste ano no Porto de Manaus. Nesta sexta-feira, o nível é de 13,14 metros. No último dia 27, o número foi 12,7 metros, o pior registro no porto desde 2000, quando foi iniciada a medição no local. Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), o rio passa pela pior seca desde 1902, quando houve o início do acompanhamento do nível do curso d’água.

O cenário é dramático em outros rios. A ANA declarou recentemente situação crítica de escassez no Rio Madeira diante da seca na Região Norte do país.