Polícia interrompe marcha de coronacéticos em Berlim

Uma marcha de cerca de 20 mil pessoas foi interrompida pela polícia na tarde do sábado (29) em Berlim, na Alemanha. Os manifestantes, de diferentes grupos, protestavam contra as medidas do governo para conter a pandemia de coronavírus.

O ato havia sido proibido na quarta (26) pelo governo da capital, sob o argumento de que medidas de distanciamento físico haviam sido desrespeitadas em evento semelhante em 1º de agosto.

Os organizadores recorreram à Justiça e, na manhã deste sábado, o Tribunal Administrativo de Berlim liberou o evento, por entender que não havia indício de que ele “ignoraria deliberadamente” as regras de distanciamento físico e colocaria em risco a saúde pública.

O juiz não impôs o uso de máscaras, mas determinou que os organizadores lembrassem frequentemente os participantes de manter distância. Segundo a polícia, que destacou 3.000 homens para vigiar a passeata, isso não foi cumprido, o que exigiu a dispersão dos participantes.

Os manifestantes haviam se concentrado pela manhã em volta do portão de Brandemburgo, gritando slogans de movimentos pró-democracia na ex-Alemanha Oriental, como “Abra o portão” e “Nós somos o povo” —este último também usado por grupos de extrema direita.

Grupos libertários reclamavam das restrições impostas pelo governo, por entender que elas violam seus direitos de ir e vir e se expressar. Outros movimentos questionam a gravidade da pandemia e afirmam que o governo está destruindo seus empregos e suas fontes de renda.

Um dos países que controlou mais rapidamente a epidemia do novo coronavírus em abril, a Alemanha, que já tem o mais amplo sistema hospitalar da Europa, adotou confinamento e um programa intensivo de testes e rastreamento.

A quarentena derrubou a produção industrial, mas o programa do governo para evitar desemprego foi ampliado e os números de junho e julho mostram recuperação econômica.

Desde o começo das férias de verão, porém, o governo tem alertado para o crescimento do contágio. O número de novos casos nas duas semanas encerradas neste sábado foi de 21 por 100 mil habitantes, 2,5 vezes o registrado há um mês.

Apesar do forte crescimento, em comparação com sua população o índice ainda é muito inferior ao de outros países europeus, como Espanha (205 novos casos em 14 dias /100 mil habitantes). Para comparação, no mesmo período o Brasil registrou 250 novos casos/100 mil. Com informações de Folha de S. Paulo.