O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) admitiu pela primeira vez que seu ex-assessor Fabrício Queiroz pagava suas contas pessoais, conforme mostrou o Ministério Público do Rio. Mesmo com investigações apontando envolvimento do parlamentar em um esquema de “rachadinha” quando era deputado estadual e em lavagem de dinheiro, o filho de Jair Bolsonaro apresentou uma versão fantasiosa ao jornal segundo a qual não tinha conhecimento do dinheiro recolhido anos a fio por Queiroz dos salários de funcionários da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
“Ele (Queiroz) fez um posicionamento junto ao MP esclarecendo essas questões. Disse que as pessoas que faziam os depósitos na conta dele eram da chamada equipe de rua”, afirmou Flávio Bolsonaro em entrevista ao jornal O Globo. “Queiroz afirma que pegava o dinheiro para fazer a subcontratação de outras pessoas para trabalharem em redutos onde ele tinha força. Sempre fui bem votado nesses locais. Talvez tenha sido um pouco relaxado de não olhar isso mais de perto, deixei muito a cargo dele. Mas é obvio que, se soubesse que ele fazia isso, jamais concordaria”, acrescentou.
De acordo com o MP-RJ, 11 assessores vinculados ao parlamentar repassaram ao menos R$ 2 milhões a Queiroz de 2007 a 2018, sendo a maior parte por meio de depósitos em espécie. No mesmo período, o então assessor sacou R$ 2,9 milhões, ou seja, o volume entregue a ele pode ter sido maior. Por consequência, o MP destacou que o esquema pode não ter se limitado aos 11 assessores identificados pelos registros bancários.
“Pode ser que, por ventura eu tenha mandado, sim, o Queiroz pagar uma conta minha. Eu pego dinheiro meu, dou para ele, ele vai ao banco e paga para mim. Querer vincular isso a alguma espécie de esquema que eu tenha com o Queiroz é como criminalizar qualquer secretário que vá pagar a conta de um patrão no banco. Não posso mandar ninguém pagar uma conta para mim no banco?”, questionou Flávio Bolsonaro.
Queiroz foi preso no dia 18 de junho em Atibaia (SP), onde estava escondido em um imóvel que pertence a Frederick Wassef, ex-advogado do atual senador. O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio de Noronha, concedeu prisão domiciliar a Queiroz, mas o subprocurador-geral da República, Roberto Luís Oppermann Thomé, pediu a derrubada da decisão.
De acordo com relatório do antigo Conselho de Atividades Financeiras (Coaf), Queiroz movimentou R$ 7 milhões de 2014 a 2017.
O empresário Paulo Marinho, suplente de Flávio, havia dito, em maio, que a Polícia Federal vazou para o senador que o esquema da rachadinha estava sendo investigado e que o parlamentar deveria demitir Queiroz.
O procurador da República Sérgio Pinel havia dito, no semestre passado, ter encontrado “fortes indícios da prática de crime de lavagem de dinheiro” envolvendo Flávio Bolsonaro. Investigações apontaram indícios de que o senador lavou R$ 2,27 milhões com compra de imóveis e em sua loja de chocolates. Fonte/247