Ibovespa fecha estável e mantém queda na semana; dólar recua mais de 3%

O Ibovespa fechou praticamente estável nesta sexta-feira (24) e caiu 0,49% na semana, que começou com o índice atingindo 104 mil pontos pela primeira vez desde março. Já o dólar teve perdas de 3,26% nos últimos cinco pregões em meio ao aumento no apetite por risco no mercado global.

A semana foi marcada pela renovação das tensões entre Estados Unidos e China, que começaram na quarta-feira (22) quando o governo americano ordenou o fechamento do consulado chinês em Houston, no Texas. Hoje, os chineses retaliaram e fecharam o consulado americano em Chengdu.

Outro assunto que chamou a atenção dos investidores foi o envio ao Congresso pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, da proposta de Reforma Tributária. Apesar do texto ser polêmico, o mercado respondeu bem ao alinhamento entre governo com o Legislativo

Na véspera, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu o diálogo e a união de forças com o governo. Ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes, Maia afirmou que apoia as pautas que o Planalto considera como prioritárias para melhorar o ambiente de negócios no País e que, segundo o presidente da Câmara, serão votadas a partir de agosto.

O senador Roberto Rocha (PSDB-MA), presidente da comissão mista da reforma tributária, afirmou que aceita discutir a recriação de um imposto nos moldes da CPMF, mas apenas se a incidência for limitado a pessoas jurídicas.

Com isso, hoje o Ibovespa encerrou o pregão em leve variação positiva de 0,09% a 102.381 pontos com volume financeiro negociado de R$ 27,167 bilhões.

Enquanto isso, o dólar comercial caiu 0,12%, a R$ 5,2059 na compra e R$ 5,207 na venda em uma semana marcada por forte volatilidade, algo que preocupa o Banco Central, conforme destacou o diretor de Política Monetária, Bruno Serra, em live realizada pela XP Investimentos. O dólar futuro para agosto tem leve variação negativa de 0,03% a R$ 5,211 no after-market.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 caiu 16 pontos-base a 2,80%, o DI para janeiro de 2023 teve queda de 22 pontos-base a 3,82% e o DI para janeiro de 2025 recuou 14 pontos-base a 5,41%. Os DIs registram perdas por conta do dado de inflação divulgado hoje.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – Base 15 (IPCA-15) subiu 0,30% em entre os dias 16 de junho e 15 de julho na comparação com o período anterior. O número foi menor que o esperado pelos economistas, de acordo com a mediana das projeções compiladas no consenso Bloomberg, que apontava para aceleração a 0,52%.

Voltando ao exterior, um motivo de alívio: a atividade empresarial da zona do euro voltou a crescer em julho conforme mais segmentos da economia que haviam sido fechados devido ao coronavírus reabrem. O PMI Composto preliminar do IHS Markit subiu a 54,8 em julho de 48,5 em junho, nível mais alto desde meados de 2018 e bem acima da expectativa de 51,1 em pesquisa da Reuters.

Radar Político

O senador Roberto Rocha (PSDB-MA), presidente da comissão mista da reforma tributária, afirmou que aceita discutir a recriação de um imposto nos moldes da CPMF, mas apenas se a incidência for limitada a pessoas jurídicas, segundo reportagem do jornal “Folha de S.Paulo”.

A equipe econômica quer que o imposto substitua a tributação sobre os salários, o que alcança cerca de R$ 260 bilhões por ano. Para Rocha, se haverá a desoneração de empresas de um lado, é possível aumentar a cobrança a elas.

O senador estima que o relatório do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) possa ser votado na primeira semana de outubro.

Já o presidente Jair Bolsonaro descartou na véspera a possibilidade de reoneração da cesta básica: “Tinha estudo da equipe econômica, queriam reonerar os produtos da cesta básica. Eu falei não. Desemprego, informais perderam o emprego e nós vamos falar em reonerar os produtos da cesta básica? Não. Tem coisas lá que você pode reonerar, agora tem outras coisas que sem comentários: óleo, arroz, feijão, açúcar…”

Mercado imobiliário

Os lançamentos de unidades imobiliárias caíram 50% no primeiro semestre do ano, para apenas 10 mil. Já as vendas de unidades totalizaram 16,8 mil, um 14% em relação aos primeiros seis meses de 2019, segundo reportagem do jornal “Folha de S.Paulo”. A comparação indica que as construtoras estão reduzindo os seus estoques.

Nas contas do Secovi-SP (sindicato da habitação), as medidas de restrição de circulação causaram o adiamento de R$ 8 bilhões em lançamentos.

Ainda segundo a associação, a grande parte das compras atuais são habitação econômica como primeiro imóvel, principalmente Minha Casa, Minha Vida.

Radar corporativo

A elétrica Eneva informou na quinta-feira à noite que fará uma proposta para incorporar a AES Tietê por cerca de R$ 7,5 bilhões, em uma operação que envolveria dinheiro e ações. Para isso, no entanto, dependeria de apoio do BNDESPar, que colocou à venda sua fatia de 28,4% na AES. No entanto, segundo o jornal “Valor Econômico”, o BNDES deve rejeitar a proposta da Eneva.

O motivo para a negativa é a participação elevada do pagamento em ações. Além disso, a AES Corp também faria uma proposta ao BNDES.

Já o Banco do Brasil apresentou um agravo ao Tribunal de Contas da União (TCU) pedindo para a corte rever a proibição imposta sobre parte da publicidade da instituição financeira na internet. Segundo o jornal “Folha de S.Paulo”, o banco alega que perdeu mais da metade dos cerca de 100 milhões de acessos que tinha ao mês.

A limitação foi colocada após a revelação de que um site que propaga fake news disfarçadas de notícias elogiosas a Jair Bolsonaro recebia verba estatal. O TCU proibiu a veiculação de publicidade em sites com menos de dez anos —exceto vinculados à mídia de radiodifusão.

E nesse início da temporada de balanços, a Hypera divulga seus resultados do segundo trimestre após o fechamento dos mercados.

Fonte/InfoMoney