247 – O guru ideológico do bolsonarismo, Olavo de Carvalho, pediu em sua página no Facebook a saída do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. “Fora, ministro Punhetta!”, escreveu.
O ministro “é o exemplo típico do que acontece quando um governo escolhe seus altos funcionários por puros ‘critérios técnicos’, sem levar em conta a sua fidelidade ideológica”, afirmou Olavo, que tem uma influência direta no governo de Jair Bolsonaro – tendo indicado ministros como Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Abraham Weintraub (Educação).
“Tudo o que os comunistas mais desejam é que o adversário tente vencê-los fugindo da briga ideológica”, concluiu.
Os ataques ao ministro da Saúde são parte de uma tática do governo para forçar a sua renúncia ou demiti-lo mais adiante. Olavo, desta forma, atua em conjunto com o resto do bolsonaristas e o próprio Bolsonaro, que o atacou publicamente.
Em recente jantar com os chefes do Legislativo, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, Mandetta revelou que o presidente pediu-lhe, por telefone, para que renunciasse ao cargo. Ao que ele respondeu: “o senhor que me demita, presidente”. O ministro disse aos parlamentares que a situação no Planalto estava “insustentável”.
O principal motivo de crise entre os dois é a questão do isolamento social e da quarentena como forma de conter a propagação do coronavírus. Enquanto o médico defende as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) pelo isolamento social, Bolsonaro iniciou uma campanha contra a quarentena (“O Brasil Não Pode Parar”).
Nas redes sociais, a militância digital de extrema-direita iniciou uma campanha de constrangimento contra o ministro, relacionando-o inclusive a esquemas de corrupção para beneficiar grandes hospitais e desenvolvedores de tecnologia do E-SUS (versão digital do Sistema Único de Saúde). Também, Osmar Terra, ex-ministro de Temer e Bolsonaro – e atual cotado para assumir o cargo de Mandetta – adentrou na campanha contra a quarentena no País, afirmando que esta aumenta os casos de contaminação.
Segundo o presidente da Câmara de Deputados, Rodrigo Maia, Bolsonaro “não tem coragem de tirar o ministro e mudar oficialmente a política de enfrentamento à pandemia” e por isso está pressionando o ministro para que renuncie. O presidente confirmou, ressaltando que não pode “demitir ministro em meio ao combate”, mas que Mandetta “está extrapolando”. “Nenhum ministro meu é indemissível”, salientou na quinta-feira, 2.