247 – É falsa informação que circula nas redes sociais de que, enquanto a China levou dez dias para fazer mil leitos hospitalares para pacientes com a Covid-19, o Exército brasileiro levou apenas 48 horas para construir 2 mil leitos.
Confira o trabalho de verificação da Lupa
exto de post no Facebook que, até as 15h de 2 de abril de 2020, tinha mais de 270 mil compartilhamentos, é falso.
A informação analisada pela Lupa é falsa. O Exército brasileiro não fez 2 mil leitos para ajudar no combate à Covid-19 no país em apenas 48 horas. As Forças Armadas têm colaborado com a construção de unidades de atendimento para atender infectados pelo novo coronavírus, mas o trabalho ainda está em andamento e envolve outros órgãos, como prefeituras e governos estaduais. Até esta quinta-feira (2), havia apenas 30 novos leitos montados pelo Exército no país, que ainda não estavam liberados para uso.
Esses leitos estão localizados em Boa Vista (RR) e integram a Área de Proteção e Cuidados, um espaço criado para atender brasileiros e venezuelanos com Covid-19. Sua montagem faz parte de um esforço que envolve o governo de Roraima, a prefeitura de Boa Vista, a Universidade Federal de Roraima e a Operação Acolhida – iniciativa da qual as Forças Armadas fazem parte, com o apoio de agências da Organização das Nações Unidas (ONU) e da sociedade civil, responsável pelo atendimento a venezuelanos desassistidos que entram no país.
Com o fechamento da fronteira com a Venezuela em 18 de março, o Posto de Atendimento Avançado existente em Pacaraima (RR) foi movido pelo Exército para Boa Vista, como parte da Área de Proteção e Cuidados. A montagem do espaço começou em 23 de março e, segundo nota enviada pela Seção de Comunicação Social da Operação Acolhida, terá 80 leitos inicialmente – 30 da Operação Acolhida (que são os que o Exército montou), 30 da Secretaria Estadual de Saúde e 20 da prefeitura. O local foi erroneamente chamado de hospital de campanha e será expandido ao longo do tempo, chegando a 1,2 mil leitos. Também será criada uma área de observação com mil leitos adicionais. Não há prazo previsto, contudo, para e entrega. O início do funcionamento dos primeiros 80 leitos depende do fornecimento de materiais e pessoal.
A assessoria de imprensa do Ministério da Defesa afirmou, por telefone, que os esforços das Forças Armadas para a montagem de hospitais de campanha estão resumidos em uma reportagem publicada no site da pasta em 30 de março. A prefeitura de Guarujá, no interior de São Paulo, pediu para transformar o hangar da Base Aérea de Santos em uma área de atendimento, com 50 leitos de internação e 20 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O local ainda não está pronto. Os militares também estão ajudando a prefeitura do Rio de Janeiro a erguer um hospital no Pavilhão 3 do Riocentro. A obra terá 500 leitos e também não foi finalizada.
Também com apoio do Exército foram montadas tendas de triagem para pacientes com sintomas de gripe em várias cidades, como Campinas (SP), Caxias do Sul (RS), Criciúma (SC), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Porto Alegre (RS), Rio Grande (RS) e Valinhos (SP). Nestes locais, no entanto, não há leitos hospitalares.
As Forças Armadas têm hospitais de campanha que foram usados em operações humanitárias e militares. Segundo o Ministério da Defesa, são estruturas pré-montadas de porte pequeno, com número limitado de leitos. Essas unidades estão em Campo Grande (MS), Recife (PE) e no Rio de Janeiro (RJ). Ainda não está definido se estes equipamentos serão utilizados durante a crise. Seu uso durante a pandemia exigiria adaptação.