247 – O The Washington Post publicou neste sábado 13 um relato de todo o contexto atual do cenário político brasileiro, com um perfil do jornalista Glenn Greenwald, que está no centro dos acontecimentos após ter divulgado no site The Intercept vazamentos de conversas que comprovam que o ex-juiz Sergio Moro conspirou com procuradores da Lava Jato para condenar o ex-presidente Lula e tirá-lo das eleições de 2018.
Em seu texto, o jornalista Terrence McCoy traz a informação divulgada pelo site O Antagonista, porta-voz da Lava Jato e de Moro, de que a Polícia Federal estaria investigando a vida financeira de Glenn, algo visto por diversas entidades de jornalismo como perseguição do Estado. Para ele, as ameaças sofridas pelo editor do Intercept são um teste para o atual governo de Jair Bolsonaro.
“As ameaças públicas contra Greenwald representam um teste inicial para o Brasil sob Bolsonaro, o ex-oficial militar de direita que ganhou a presidência no ano passado com apelos ao nacionalismo, homofobia e nostalgia pela ditadura militar de duas décadas do país”, diz o texto do Washington Post.
“Este governo tolerará denúncias prejudiciais de um jornalista gay estrangeiro? Ou irá silenciá-lo, confirmando temores do potencial de autoritarismo de Bolsonaro?”, questiona ainda. “É mais do que apenas Sérgio Moro. É sobre o tipo de governo que vamos ter”, opina o próprio Glenn Greenwald.
“Ele sofreu ameaças e denúncias após as revelações de Snowden. Mas isso parece diferente, ele disse. É mais pessoal”, diz o texto.
“Em Snowden, eu era apenas o repórter”, disse Greenwald. “Nesse caso, não há uma fonte identificável, então eles me identificaram pessoalmente, como se eu fosse a pessoa que pegou o material”, comenta Glenn. “Eu sou um bom alvo. Sou estrangeiro. Eu sou gay. Sou casado com um político socialista”.
A reportagem conta que Glenn vive em sua casa no Rio de Janeiro, com seu marido, o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ), e seus dois filhos brasileiros adotivos, além de vários cachorros, sob a vigilância de 27 câmeras de segurança e muitos homens armados desde a divulgação das conversas.
“Nossa constituição é muito dura na defesa da liberdade de expressão e imprensa”, diz Leandro Demori, editor executivo da Intercept Brasil. “Mas as nossas instituições são fortes o suficiente para proteger a constituição? Acho que não. Eu realmente não acho. Estamos com medo”, completa.