Ataques com motivações de extrema direita já mataram dezenas pelo mundo

O massacre que deixou ao menos 49 mortos na Nova Zelândia nesta sexta-feira (15) agora faz parte de uma série de ataques a muçulmanos que ocorreram ao redor do mundo nos últimos anos.

O atentado em Christchurch foi transmitido ao vivo pelo Facebook por meio da conta do australiano Brenton Tarrant.

No vídeo, aparecem armas cobertas de nomes de outros assassinos que realizaram massacres, além do número 14, relacionado a um mantra supremacista branco.

Na mesma conta na rede social, foi publicado um manifesto de 74 páginas, no qual o suposto autor do ataque se declara fascista e diz que pretende combater o “genocídio branco”, termo usado por supremacistas para questionar a imigração e o crescimento da presença de estrangeiros.

Nele, são citados Darren Osbourne e Anders Behring Breivik, que também praticaram atos contra muçulmanos em 2017 e 2011, respectivamente

A Folha de S.Paulo compilou uma lista dos principais ataques com armas de fogo com motivações da extrema direita.

27 de outubro de 2018, Pittsburgh (EUA): Um homem reconhecido como Robert Bowers matou 11 fiéis na sinagoga Tree of Life, na Pensilvânia, em um dos ataques à comunidade judaica nos EUA com maior número de vítimas. Bowers postava conteúdo antissemita nas redes sociais, com insultos e teorias da conspiração. Ele foi alvejado e é mantido sob custódia num hospital, segundo as autoridades.

12 de agosto de 2017, Charlottesville (EUA): Um carro acelerou em direção a uma multidão de pessoas que protestava contra os supremacistas brancos que realizavam um encontro na cidade. O motorista do carro, James Fields, que defendia crenças neo-nazistas, matou Heather Heyer, uma defensora dos direitos civis, e deixou 28 feridas. Em dezembro de 2018, foi condenado à prisão perpétua.

19 de junho de 2017, Londres (Reino Unido): Um dos ataques a muçulmanos mais recente ocorreu em Londres, quando um galês identificado como Darren Osborne atropelou com uma caminhonete um grupo de muçulmanos na saída da oração noturna do Ramadã, próximo à mesquita de Finsbury Park. Oito meses após o atentado, o autor do crime foi sentenciado à prisão perpétua.

14 de fevereiro de 2017, Parkland (EUA): O adolescente Nikolas Cruz abriu fogo contra alunos e funcionários de uma escola, matando 17 pessoas. O jovem, que havia sido expulso da escola por problemas disciplinares, era integrante de um grupo racista e costumava usar as redes sociais para falar de seu gosto por armas, além de propagar visões xenófobas, antissemitas e homofóbicas de extrema-direita.

29 de janeiro de 2017, Quebec (Canadá): Há dois anos, Alexandre Bissonnette abriu fogo dentro de uma mesquita em Quebec deixando seis mortos e 35 feridos. O agressor, que se identificava como um estudante com ideias nacionalistas, foi detido e condenado à prisão perpétua.

17 de junho de 2015, Charleston (EUA): Dylann Roof matou a tiros nove pessoas em uma histórica igreja da comunidade negra em Charleston, na Carolina do Sul. Para o chefe da polícia local, Gregory Mullen, o ataque foi “um crime de ódio”. Roof foi detido. Um manifesto atribuído a ele apontava que a sua radicalização teria ocorrido após a leitura de textos sobre crimes violentos cometidos por negros contra brancos.

6 de agosto de 2012, Oak Creek (EUA): Seis pessoas foram mortas a tiros em um templo sikh (religião que se originou no século 16 na Índia e no Paquistão) pelo ex-soldado americano Wade Michael Page. Ele pertenceu ao exército e tinha ligações a grupos que pregam a supremacia branca.

22 de julho de 2011, Oslo (Noruega): Anders Behring Breivik, um militante da extrema-direita, detonou uma bomba na sede do governo de Oslo deixando oito pessoas mortas. Em seguida, ele atirou por mais de uma hora contra cerca de 600 jovens do Partido Trabalhista na ilha de Utoeya, a 40 km da capital -77 pessoas morreram. Em manifesto publicado no dia dos ataques, ele se apresentou como cristão conservador e disse que planejou o crime por vários anos. O norueguês foi detido e condenado a 21 anos de prisão, mas até hoje mantém opiniões extremistas demonstradas, por exemplo, pela saudação nazista diante dos juízes.

8 de janeiro de 2011, Tucson (EUA): Seis pessoas ficaram mortas e 13 feridas em um tiroteio dentro de um evento político da deputada democrata Gabrielle Giffords (uma das vítimas), no Arizona. Jared Loughner, na época com 22 anos, foi o autor dos disparos e, durante a investigação, seu nome foi ligado a grupos de extrema-direita e antissemitas.

19 de abril de 1995, Oklahoma (EUA): 168 pessoas foram mortas e mais de 600 ficaram feridas quando um carro-bomba explodiu em frente a um prédio do governo federal norte-americano. Timoty Mcveigh confessou o crime foi preso. Agiu junto a ele Terry Nichols, sendo que os dois eram ex-militares ligados a grupos de extrema-direita nos Estados Unidos, além de serem contra o então governo. Mcveigh foi condenado à morte e executado em 2001, e Nichols recebeu pena de prisão perpétua.