Em seu discurso após perder as eleições, o petista pediu coragem, agradeceu aos mais de 45 milhões de votos: “trata-se de uma parte expressiva da população que precisa ser respeitada”
Num tom conciliador, de otimismo e resistência, Fernando Haddad, candidato do PT que perdeu as eleições presidenciais, pediu coragem aos mais de 45 milhões de eleitores que votaram neste domingo 28. “Andando por todo esse Brasil senti no rosto de muitos brasileiros angustia e medo. Para eles eu quero dizer: não tenham medo, nos estaremos aqui. Lutem conosco, a vida é feita de coragem”.
Num discurso de pouco mais de dez minutos, feito do hotel em São Paulo de onde acompanhou a apuração dos votos, a palavra coragem pontuou a ocasião em diversos momento. Logo no início da fala, ao agradecer correligionários e aliados, mencionou seus antepassados, aos quais atribuiu o aprendizado do valor da coragem na defesa da justiça. “A coragem é um valor muito grande quando se vive em sociedade”.
Diferenciando-se dos discursos clássicos de quem perde a eleição, Haddad não reconheceu explicitamente a derrota ou parabenizou o vencedor. Em seu Twiiter, a jornalista Natuza Nery disse ter perguntado a Haddad a razão de não ter telefonado para Jair Bolsonaro. A resposta dele: “Ele me chamou de canalha e disse que se eleito mandaria me prender”. “Achei que não tinha o menor clima além de não poder prever a reação”.
Haddad agradeceu aos mais de 45 milhões de votos que recebeu e lembrou que trata-se de uma parte expressiva da população que precisa ser respeitada. “São pessoas que têm outro projeto de Brasil e merecem respeito. Muita gente não é de partido, de associação, vimos a festa da democracia tomar as ruas. Pessoas que passaram a dialogar e reverter um quadro que se anunciava. Houve uma reversão importante sobre o que está em jogo”, afirmou, se referindo ao movimento vira-voto.
O ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação afirmou que o País já vive um período longo em que as instituições são colocadas a prova. Começou em 2016, com o impeachment de Dilma Rousseff, depois com a prisão do ex-presidente Lula e depois com o registro de usa candidatura, desrespeitando uma orientação da ONU. “Seguimos com determinação e coragem, levando nossa mensagem a todo o País, a todos e todas”, disse, reforçando o respeito à diversidade sexual, racial e religiosa.
Haddad disse ainda que a democracia é um valor que está acima de todos, que precisa ser defendido daqueles que “de forma desrespeitosa pretendem usurpar o patrimônio de todos os brasileiros: os direitos civis, políticos, trabalhistas e sociais”. Para ele, “tudo em jogo neste momento e temos a tarefa enorme que é, em nome da democracia, defender o pensamento e as liberdades de 45 milhões. Fazer oposição colocando os interesses do povo acima de tudo… reconhecemos a cidadania em cada brasileiro e brasileira e não vamos deixar esse País para trás, defendendo nosso pontos respeitando a democracia e as instituições diante de tudo que está em jogo”.
O momento mais aplaudido foi quando, parafraseando o hino nacional disse: verão que um professor não foge à luta e nem teme quem adora a liberada à própria morte. “O compromisso é com a vida.”
Haddad conclui sua fala afirmando que em quatro anos teremos eleição e “não vamos deixar de exercer nossa cidadania. Temos que fazer uma profissão de fé de que vamos nos reconectar com as bases e com os mais pobres para oferecer um programa de nação que há de sensibilizar mentes e corações”.
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