O Ministério Público Federal em Minas Gerais (MPF-MG) divulgou, na tarde desta terça-feira (2), que denunciou Adélio Bispo de Oliveira, o homem que esfaqueou o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) em um evento da campanha em Juiz de Fora. O agressor de Bolsonaro foi denunciado pelo crime de “atentado pessoal por inconformismo político”.
Essa denúncia tem como base o artigo 20 da Lei de Segurança Nacional e foi encaminhada para o juiz Bruno Savino, da 3ª Vara Federal de Juiz de Fora (MG), onde o caso tramita. De acordo com a MPF, se for condenado, o agressor de Bolsonaro poderá pegar pena de 3 a 10 anos de reclusão, que ainda seria aumentada em dobro, por causa da lesão corporal contra o candidato do PSL.
“Vê-se que o denunciado cometeu o crime mediante insidiosa dissimulação, a qual dificultou a defesa do ofendido, mesmo estando o deputado federal sob imediata proteção de escolta policial”, afirmou o procurador da República, Marcelo Borges de Mattos Medina, na denúncia assinada ontem.
A ação de Adélio foi planejada. Afinal, em seus depoimentos, o agressor revelou que a ideia de atentar contra a vida do candidato surgiu quando soube, pelos jornais, que Bolsonaro iria a Juiz de Fora. Ainda segundo a investigação, em julho deste ano, o acusado cadastrou-se em um clube de tiro em Florianópolis (SC), onde praticou tiro. O episódio ocorreu justamente no dia em que um dos filhos de Bolsonaro chegou a cidade para um treinamento no mesmo clube.
Além disso, o celular do denunciado também continha foto de um outdoor com a data da ida de Bolsonaro a Juiz de Fora, e a agenda do candidato na cidade foi estudada minuciosamente pelo agressor.
Adélio foi preso logo após o ataque e transferido para o presídio federal de Campo Grande (MS). Ontem, a sua defesa protocolou o resultado do exame particular para solicitar um novo pedido de avaliação de sanidade mental. O parecer psiquiátrico pedido pelos advogados apontou que o agressor sofre de transtorno delirante grave.
A respeito da motivação do criminoso, o MPF garante que houve intenção política no ato. Isso porque Adélio tem um histórico de militância, que demonstra que ele já tinha sido filiado a partido político por sete anos, período em que tentou, inclusive, sair candidato a deputado federal.
” Adélio Bispo de Oliveira agiu, portanto, por inconformismo político. Irresignado com a atuação parlamentar do deputado federal, convertida em plataforma de campanha, insubordinou-se ao ordenamento jurídico, mediante ato que reconhece ser extremo”, diz a denúncia.
Em suas postagens nas redes sociais, o agressor de Bolsonaro qualificava políticos como “inúteis” e pedia a renúncia do atual presidente da República, dentre outras postagens formuladas em tom de protesto, em particular contra a vítima.