O candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, recebeu alta médica às 10h e deixou o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, no início da tarde deste sábado (29/9). Ele estava internado há 22 dias após ser alvo de um ataque a faca durante um evento de campanha no interior de Minas Gerais, em 6 de setembro. Apesar da liberação, Bolsonaro deverá continuar sem compromissos públicos de campanha até o primeiro turno.
Após deixar o hospital, Bolsonaro seguiu, escoltado por policiais militares, para o Aeroporto de Congonhas. De lá, ele decolou rumo ao Rio de Janeiro, onde vai passar a reta final da campanha para o primeiro turno. Segundo aliados do presidenciável, a recomendação médica é de repouso. Ele não deve participar do debate entre presidenciáveis promovido pela TV Record neste domingo (30).
A saída de Bolsonaro do hospital ocorre em meio a uma série de denúncias contra ele e polêmicas envolvendo a própria equipe de campanha. Nesta semana, reportagem da revista Veja revelou detalhes de um processo de separação dele com Ana Cristina Siqueira Valle, a segunda ex-mulher do deputado.
Segundo a reportagem, ela teria relatado que Bolsonaro ocultou patrimônio pessoal à Justiça Eleitoral em 2006, quando concorreu à Câmara dos Deputados. Além disso, Ana Cristina declarou que o presidenciável furtou um cofre em outubro de 2007. Joias, R$ 200 mil e US$ 30 mil faziam parte do conteúdo do cofre.
Na sexta, a revista Época apontou que a produtora de vídeo contratada pelo presidenciável não funciona no local apresentado pelo político em prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A suposta empresa recebeu R$ 240 mil da campanha do candidato do PSL.
Também nesta semana, uma declaração do candidato a vice de Bolsonaro, general Hamilton Mourão, gerou polêmica e virou alvo de protesto de opositores. Em palestra na Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, ele criticou benefícios previstos na lei trabalhista, como 13º salário e férias.
A declaração de Mourão (PRTB) provocou uma crise na campanha do candidato. A campanha de Bolsonaro determinou o cancelamento de todas as agendas públicas de Mourão até 7 de outubro. A declaração serviu de munição para os adversários. Segundo assessores, o impacto da declaração de Mourão no núcleo da campanha foi mais forte que o anúncio do economista Paulo Guedes, conselheiro de Bolsonaro, de criar dois impostos nos moldes da extinta CPMF.
O ataque
Em 6 de setembro, Bolsonaro foi alvo de uma facada na região do abdômen. O acusado, Adélio Bispo dos Santos, foi rapidamente identificado por apoiadores do presidenciável e preso em seguida. Ele foi transferido para o presídio federal de segurança máxima em Campo Grande (MS).
Em relatório, a Polícia Federal concluiu que Adélio agiu sozinho e de forma premeditada. De acordo com o delegado regional de combate ao crime organizado em Minas Gerais, Rodrigo Morais Fernandes, o agressor já tinha feito ameaças de morte a Bolsonaro. Os alertas foram feitos via Facebook.
Segundo os investigadores, Adélio Bispo chegou em Juiz de Fora (MG) vindo de Florianópolis (SC), em 19 de agosto. Ele seguiu para a cidade mineira com o pretexto de conseguir emprego. Trabalhou como garçom por quatro dias em um restaurante da cidade. Quando soube da ida de Bolsonaro à cidade, ele teria começado a planejar o crime, conforme detalhou o delegado.
Durante a carreata de Bolsonaro, Adélio estava em meio à multidão o tempo todo, tentando conseguir acesso ao candidato, o que veio a ocorrer na Rua Halfeld, onde ele se aproximou o suficiente para esfaquear o presidenciável na altura do abdômen. A faca usada no crime foi periciada e os exames encontraram vestígios do DNA de Jair Bolsonaro na arma.
Um segundo inquérito está em andamento. A previsão de prazo é de 30 dias, podendo ser prorrogado. Nessa investigação, serão trabalhados: dados telemáticos (mensagens trocadas em aplicativos) e telefônicos (conexão e contatos nos últimos cinco anos), correio eletrônico (1.600 mensagens e análise de seis contas) e extratos bancários.
O ataque a Bolsonaro fez a Polícia Federal reforçar as equipes de segurança de outros cinco presidenciáveis. Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede) Alvaro Dias (Podemos) passaram a contar com a proteção de até 25 agentes federais.
Desempenho
Bolsonaro é líder das pesquisas de intenção de votos para o primeiro turno. Segundo o Datafolha, o deputado registra 28%. No entanto, no segundo turno, o presidenciável do PSL perde para Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB). Bolsonaro segue como o presidenciável mais rejeitado: 46% dos eleitores negam voto a ele. Fonte/Metrópoles