A Santa Sé e o governo da China assinaram neste sábado (22) um acordo provisório sobre a nomeação de bispos, considerado um dos motivos de conflito entre as partes. Em comunicado, o Vaticano não detalhou as condições do documento, mas explicou que é “resultado de um enfoque gradual e recíproco”.
O acordo foi assinado durante reunião realizada em Pequim, que contou com a presença do subsecretário de Relações da Santa Sé com os Estados, Antoine Camilleri,o vice-ministro das Relações Exteriores da República Popular da China, Wang Chao.
“O papa Francisco espera que com as decisões tomadas se possa começar um novo caminho, que pode superar as feridas do passado percebendo a plena comunhão de todos os católicos chineses”, diz a nota.
“A comunidade católica na China é chamada a viver em uma colaboração mais fraterna, para trazer com renovado compromisso de anunciar o Evangelho”, acrescenta. Segundo a Santa Sé, o acordo trata da “nomeação de bispos, um assunto de grande importância para a vida da Igreja, e cria as condições para uma parceria mais ampla em nível bilateral. Após o acordo, o governo chinês ressaltou que trabalhará junto com o Vaticano. “Ambas as partes continuarão mantendo contatos e vão trabalhar para melhorar as relações bilaterais”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores, em comunicado.
O porta-voz do Vaticano, Greg Burke, por sua vez, afirmou que o objetivo do acordo é pastoral e não político. “Este não é o fim de um processo. É o começo! Tratou-se de diálogo, de escuta paciente de ambos os lados, mesmo quando as pessoas vêm de pontos de vista muito diversos. O objetivo do acordo não é político mas pastoral, permitindo que os fiéis tenham bispos em comunhão com Roma, mas ao mesmo tempo reconhecidos pelas autoridades chinesas”, disse.
O acordo entre as partes ocorre depois de uma série de negociações no âmbito religioso, já que a China e o Vaticano não têm relações diplomáticas desde 1951, quando o menor Estado do mundo reconheceu a independência de Taiwan.
Atualmente, a nação asiática conta com uma “igreja oficial”, enquanto a Santa Sé atua quase na clandestinidade, e o Papa não tem poder para nomear bispos. Na China, o monopólio do cristianismo é exercido por uma conferência de bispos ligada ao Partido Comunista da China (PCC) e que não é reconhecida pelo papado. Por outro lado, a Santa Sé mantém relações diplomáticas com Taiwan, território reivindicado por Pequim, que o considera uma “província rebelde”. (ANSA)