Linguista americano lembrou o ex-presidente que em encontro, há 20 anos, Lula disse que nunca se elegeria governante do Brasil
Ao chegar na sede da Polícia Federal, em Curitiba, na tarde desta quinta-feira (20), para visitar o ex-presidente Lula, o filósofo e linguista americano Noam Chomsky causou certo burburinho entre agentes e delegados da corporação. Um pequeno grupo fazia questão de ver de perto o autor de textos que estudaram em disciplinas da faculdade e de cursos de pós-graduação. Simpático, o professor sorriu e ouviu os elogios traduzidos pela mulher, Valéria, com quem é casado desde 2014.
Valéria também foi a tradutora da conversa do intelectual, conhecido pelo seu ativismo de esquerda nos Estados Unidos, com Lula, que começou às 16h e durou cerca de uma hora. “Quando nos vimos, há 20 anos, o senhor disse para mim que jamais ganharia uma eleição no Brasil. Vamos continuar na luta, não desista que as coisas acontecem”, disse Chomsky na porta da cela do ex-presidente, ao se despedir.
O linguista já se manifestou publicamente apoiando Lula e assinou manifesto a favor do petista. Na semana passada, participou de um seminário organizado pela Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT.
A conversa entre Lula e Chomsky aconteceu em torno da mesa de quatro lugares da cela de 15 metros quadrados onde o petista está preso, há cinco meses. Além deles, participaram do encontro advogados do petista e o ex-ministro Aloizio Mercadante. Na maior parte do tempo, o linguista americano e Lula trocaram impressões sobre economia e Chomsky explanou sobre o desafio dos países emergentes realizarem processos de industrialização próprios e autônomos.
Questionou o ex-presidente sobre o que seria do seu futuro de agora em diante. E perguntou em quais frentes poderia ajudar para que Lula ganhasse a liberdade. O petista pediu para que ele continuasse se pronunciado a seu favor.
O PT e os erros da sigla, porém, não foram abordados no bate-papo. Em entrevista à BBC Brasil publicada nesta quinta, Chomsky afirmou que o partido deve fazer “uma espécie de comissão da verdade para olhar com honestidade para o que ocorreu”, referindo-se ao sentimento anti-PT que domina parte dos brasileiros.
Uma das principais linhas de atuação do partido em relação à prisão de Lula está ligada à imagem dele no exterior. A ideia é que apoiadores estrangeiros renomados do ex-presidente continuem reverberando que sua prisão é injusta e que ele é inocente e vítima de perseguição política fazendo com que instituições internacionais, como a ONU, influenciem o cenário nacional. Fonte/ epoca.globo.com/COLUNA
Bela Megale