Milhares de manifestantes se reuniram nesta quarta-feira (22) em frente ao congresso nacional argentino, em Buenos Aires, para exigir a retirada de privilégios da ex-presidente do país Cristina Kirchner (2007-2015), que é acusada de corrupção.
O juiz Claudio Bonadío, responsável pelo processo, autorizou buscas nas propriedades de Kirchner, medida que precisa ser aprovada pelo Senado, onde a ex-presidente ocupa uma cadeira.
A ex-mandatária escreveu em nota apresentada ao Senado que não há “nenhum inconveniente” em que o Senado autorize buscas, mas pediu que fossem adotadas algumas condições para que os procedimentos fossem realizados.
“Cumpre esclarecer que esta decisão [de não se opor às buscas] não implica convalidar a irracionalidade das medidas dispostas por Bonadio em sua cruzada persecutória contra a minha pessoa, mas tem como principal objetivo terminar de uma vez por todas como show montado ao redor destas buscas sem fundamentos”, disse Kirchner.
O magistrado determinou as buscas devido ao caso dos “cadernos da corrupção”, escritos por um ex-motorista do ministério do Planejamento durante a gestão de Kirchner. O ex-funcionário relata o transporte de supostas bolsas de dinheiro, com trajetos, horários e reuniões, além de nomear ex-funcionários e empresários envolvidos no esquema.
A ex-presidente é acusada de comandar junto com o marido, o ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007), uma estrutura que cobrou propinas que somam mais de US$ 200 milhões.
A ex-mandatária exigiu que o Senado garantisse que “as medidas que se levem adiante sejam somente para cautelar prova relacionada com o objeto da investigação e não para obter imagens ou filmagens sobre o interior de suas casas e os objetos que fazem parte delas, que podem ter como efeito a sua posterior difusão midiática com intenções políticas”, escreveu. A ex-presidente ainda afirma ter sido objeto de escutas judiciais ilegais.
Além da concentração em Buenos Aires, foram registrados protestos em Rosario, San Rafael, Mendoza, San Luíz e Neuquen.
Os manifestantes convocaram as marchas pelas redes sociais com hashtag #21ayoVoy. A intenção é pressionar o Senado a autorizar a execução das buscas e aprovar a “Lei de Domínio”, cuja finalidade é determinar a realização de um processo judicial para a identificação, localização, recuperação e repatriação de bens em favor do Estado, quando sejam provenientes da prática de delitos. Os temas devem ser tratados em plenário nesta quarta-feira (22). (ANSA)