O ministro extraordinário da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse hoje (10) que a investigação sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), no Rio de Janeiro, ocorrida na noite de 14 março deste ano, “está chegando na sua etapa final”. “Eu acredito que, em breve, vamos ter resultados”, afirmou o ministro, após presidir a primeira reunião da Câmara Intersetorial de Prevenção Social e Segurança.
Perguntado sobre a participação do vereador Marcello Siciliano (PHS) e do ex-policial militar Orlando Oliveira de Araújo no assassinato de Marielle, após reportagem do jornal O Globo divulgar o depoimento de uma testemunha que acusa os dois de terem se reunido para planejar a morte da parlamentar, o ministro lembrou já ter mencionado que o crime apontava para a atuação de milícias.
“Não estou dizendo que são esses especificamente. Agora, tem dois níveis que tenho que observar: um é o do jornalismo e as suas informações que, evidentemente, têm que ser investigadas. E outro é a própria investigação em si sobre a qual a gente, por óbvios motivos, não tem aqui como ficar comentando. O que eu posso dizer é que estes e outros todos são investigados”, disse.
Ontem (9), o vereador Marcello Siciliano negou participação no assassinato de Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes.
Percepção de insegurança
Sobre a situação de violência no Rio de Janeiro, Jungmann disse que a percepção da mudança ainda não alcançou a maioria da população. “Mas as medidas saneadoras estão sendo tomadas e elas vão apresentar resultados. É preciso ter confiança e entender que está no rumo certo e nós vamos ter redução, sem sombra de dúvida, da violência e insegurança no Rio de Janeiro proximamente”, afirmou.
“Quando isso vai acontecer? Quando germinarem o resultado das ações que estão sendo feitas, inclusive, refundando praticamente as polícias do Rio de Janeiro, reestruturando o sistema carcerário que estava um caos”, completou.
Na tarde desta quinta-feira, o presidente Michel Temer discute, no Palácio do Planalto, a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, com o interventor general Walter Souza Braga Netto; o secretário de Segurança Pública do estado, general Richard Nunes; o ministro Raul Jungmann, e o secretário-executivo do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Freire Gomes.
Câmara de Prevenção Social e Segurança
Criada na semana passada, a Câmara Intersetorial de Prevenção Social em Segurança Pública é integrada por todos os ministérios e órgãos da área social. A ideia, segundo Jungmann, é concentrar ações e programas já existentes nos bairros mais violentos das 109 cidades brasileiras que concentram metade dos 61 mil homicídios ocorridos no país anualmente.
Segundo o ministro, o grupo a ser focado são os jovens de 15 a 24 anos em situação vulnerável, ou seja, sem escola, sem emprego, e com família desestruturada.
“Nossa ideia é convergir saúde, educação, assistência social, cultura e esportes para esses municípios que têm metade dos homicídios, mas voltado sobretudo para a juventude vulnerável para que não sejam atraídos e levados para o crime. E que a gente possa mantê-los ao nosso lado, ao lado da sociedade, trazendo futuro para eles e também um futuro de mais sossego e mais tranquilidade para todos os brasileiros e brasileiras”.