Insatisfeitos com a falta de diálogo do governo do Estado quanto às suas reivindicações, os professores da rede estadual de ensino reforçaram indicativo de greve na manhã desta quarta-feira (14), na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam). A categoria cobrou, durante audiência pública, o reajuste salarial que não acontece há quatro anos.
O presidente do parlamento estadual, deputado David Almeida, se colocou à disposição para ser um elo de interlocução com o Poder Executivo. Ele, que quando foi governador interino do Estado, e concedeu à categoria o abono salarial do Fundeb, reforçou que hoje, com a arrecadação em franca recuperação, o Estado tem condições de apresentar uma proposta justa de reajuste. Mas, tudo tem que acontecer antes do dia 7 de abril, quando o governador ficará impedido de conceder reajustes, em função da legislação eleitoral.
“O Brasil voltou a crescer e o Amazonas também. Agora em fevereiro, o Estado bateu recorde na arrecadação. A economia voltou a se recuperar. Portanto, quero dizer que o Estado tem dinheiro para pagar os professores. Não vou ser leviano de dizer que não é preciso observar a Lei de Responsabilidade Fiscal, mas com respeito e diálogo é possível chegar a um consenso”, explicou David.
Com plenário lotado, o encontro teve a participação de representantes do Sindicato dos Professores e Pedagogos de Manaus (Asprom/Sindical), Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Amazonas (Sinteam), além de professores da capital, Manacapuru, Iranduba e até municípios mais distantes, como Boca do Acre. A categoria quer 35% de reajuste salarial, referente aos anos de 2014 a 2018 e retorno do plano de saúde Hapvida que está suspenso.
Na última terça-feira (13), servidores da educação de 13 municípios do interior e da capital fizeram paralisação emergencial, reforçando que existe uma movimentação da categoria favorável à greve.
Falta de respeito
A ausência dos deputados da base aliada e de um representante da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) foi motivo de insatisfação dos presentes. O governo enviou à audiência, a secretária executiva da Secretaria de Estado de Administração e Gestão (SEAD), Glória Guimarães, o que causou desconforto aos professores.
“Infelizmente não tem nenhum deputado da base do governo aqui e mais triste ainda que não mandaram um representante da Seduc. Isso nos mostra que o governo não quer debater, não quer chegar a uma definição”, falou o coordenador da Assprom, Lambert William Melo.
David ressaltou que a Aleam entrou em contato com todos os órgãos do governo. “Se repetiu aqui o que houve com os policiais militares, onde o governo ignorou a voz da categoria. Queremos o diálogo e que os movimentos sejam valorizados, mas não é isso que está acontecendo. Os professores estão se sentindo desamparados diante da negativa do governo em dialogar aqui na Assembleia”, destacou.
Ao término do debate, David recebeu sinalização positiva do Secretário de Estado da Educação e Qualidade (Seduc), Lourenço Braga, para conversar hoje mesmo com representantes da categoria. “Estou fazendo meu papel de ser o facilitador do diálogo entre as duas partes. Conversem e decidam o que for melhor para vocês”, recomendou aos professores.