O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, pediu para que o corregedor nacional de Justiça, ministro João Otávio Noronha, e o diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, “tomem providências” para investigar áudio em que ele é acusado de receber propinas. O pagamento seria para soltar Anthony Garotinho e tirar a tornozeleira da mulher do ex-governador do Rio de Janeiro, Rosinha Matheus.
O áudio que circulou no WhatsApp é atribuído ao juiz eleitoral Glaucenir Oliveira, da Vara de Campos dos Goytacazes. Glaucenir mandou prender Anthony Garotinho duas vezes. Na gravação, é mencionada uma “mala grande” que seria destinada a Gilmar Mendes — o ministro determinou a soltura do ex-governador.
Ouça o áudio
O autor do áudio afirma ter conversado com o juiz da 100ª Vara de Campos dos Goytacazes a respeito da soltura de Rosinha Garotinho.
Na gravação, são feitas acusações ao ministro. “A gente leva pedrada, tiro, enquanto o grande general desse Poder Judiciário – que é ele agora – mela o trabalho sério que a gente faz, com sarcasmo e falta de vergonha. Segundo os comentários que ouvi hoje em Campos – comentários sérios de gente lá de dentro –, a mala foi grande”, afirma.
Operação Chequinho
Glaucenir Oliveira, suposto autor do áudio espalhado em grupos de WhatsApp de juízes e procuradores, foi o magistrado que mandou prender Anthony Garotinho duas vezes. A primeira, no âmbito da Operação Chequinho, que investiga o uso do programa Cheque Cidadão, do município de Campos, para obter apoio eleitoral.
Na segunda vez, Glaucenir deflagrou a Operação Caixa D’Água, contra supostas propinas de R$ 3 milhões da JBS ao ex-governador do Rio. De acordo com a denúncia, uma organização criminosa chefiada por Garotinho tinha até mesmo a participação de um segurança usado para ameaçar e extorquir empresários.
A prisão foi revogada por Gilmar Mendes na última quarta-feira (20).