“Dia de Fúria” por Jerusalém deixa dois palestinos mortos e dezenas de feridos

Milhares de palestinos protestaram hoje contra o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Os conflitos deixaram um saldo de dezenas de feridos e pelo menos dois palestinos mortos  perto da fronteira de Gaza, as primeiras mortes confirmadas em dois dias de tumultos. A informação é da agência Reuters.

Mais de 80 palestinos foram feridos na Cisjordânia ocupada e em Gaza devido a disparos de munição letal e de balas de borracha dos israelenses, de acordo com o serviço de ambulâncias do Crescente Vermelho palestino. Dezenas mais passaram mal devido à inalação de gás lacrimogêneo. Ontem (7), 31 pessoas já haviam ficado feridas.

Nos mundos árabe e muçulmano, outros milhares de manifestantes foram às ruas nesta sexta-feira, dia sagrado para os muçulmanos, expressando solidariedade com os palestinos, no que ficou conhecido como “Dia de Fúria”, e revolta por Trump ter revertido uma tradição de décadas da política externa norte-americana. .

Na mesquita de Al Aqsa, em Jerusalém, à medida que as orações de sexta-feira terminavam, fiéis seguiram para os muros da Cidade Velha bradando “Jerusalém é nossa, Jerusalém é nossa capital” e “Não precisamos de palavras vazias, precisamos de pedras e Kalashnikovs”. Houve choques entre manifestantes e policiais.

Conflitos

Segundo o Exército Israelense, centenas de palestinos estavam rolando pneus em chamas e atirando pedras nos soldados através da fronteira. “Durante os tumultos, soldados das Forças de Defesa de Israel dispararam seletivamente contra dois dos principais instigadores e ferimentos foram confirmados”, disse a força em nota.

Em Hebron, Belém e Nablus, dúzias de palestinos atiraram pedras em soldados israelenses, que reagiram disparando gás lacrimogêneo.  Em Gaza, controlada pelo grupo islâmico Hamas, os clamores para os fiéis protestarem foram proclamados nos alto-falantes de mesquitas. O Hamas pediu um novo levante palestino como as intifadas de 1987-1993 e 2000-2005, que juntas resultaram nas mortes de milhares de palestinos e de mais de mil israelenses.

“Quem quer que transfira sua embaixada para Jerusalém ocupada se tornará inimigo dos palestinos e um alvo de facções palestinas”, disse o líder do Hamas, Fathy Hammad, enquanto manifestantes queimavam pôsteres de Trump em Gaza. “Declaramos uma intifada até a libertação de Jerusalém e de toda a Palestina”.

A maioria dos países considera Jerusalém Oriental, que Israel capturou na Guerra dos Seis Dias de 1967 e anexou, um território ocupado, que inclui a Cidade Velha, e a sede de santuários judeus, muçulmanos e cristãos.

Conselho debate

Em reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas hoje (8) convocada pelo Reino Unido, França, Suécia, Bolívia, Uruguai, Itália, Senegal e Egito, todos os membros do órgão, menos os Estados Unidos, se posicionaram contra a decisão tomada pelo presidente Donald Trump da última quarta-feira (6) de reconhecer Jerusalém como capital de Israel e mudar a sua embaixada para a cidade considerada sagrada para muçulmanos, judeus e cristãos.

* Com informações da Agência Brasil