O estudante do 2º ano do ensino médio, Paulo Henrique Gomes de Souza, da escola estadual rural Tancredo de Almeida Neves, da comunidade Sagrado Coração de Jesus, no município do Careiro da Várzea (AM), discursou, no final da tarde desta quinta-feira (23), durante a solenidade de lançamento da Política de Inovação Educação Conectada, em cerimônia no Palácio do Planalto, com a presença do presidente Michel Temer, do ministro da Educação, Mendonça Filho, e do secretário nacional de Educação Básica, Rossieli Soares da Silva, que fez o convite para a ida do estudante à cerimônia.
Representando os estudantes da educação básica de todo o Brasil, Paulo contou sobre a experiência dele em ter estudado o ensino fundamental de 6º ao 9º ano, pelo Centro de Mídias de Educação da Secretaria Estadual de Educação Amazonas (Seduc), através programa de educação mediado por tecnologia.
“O maior impacto na minha vida em relação aos meus estudos foi quando iniciei o 6º ano do ensino fundamental mediado por tecnologia. Pelo Centro de Mídias, as aulas dos professores de cada disciplina são transmitidas ao vivo, de um estúdio de televisão, para mais de 3 mil comunidades rurais, dente elas, a minha”, disse.
Sob os olhares de um público de mais de 300 pessoas, Paulo destacou como a iniciativas de uso de tecnologia na educação o deixa feliz. “O ensino mediado por tecnologia trouxe uma educação completamente inovadora em nossa comunidade escolar. Hoje, cursando o 2º ano do ensino médio com aulas presenciais, falo com toda certeza e experiência que, para mim, as aulas do ensino mediado por tecnologia são bem mais interessantes”, finalizou.
O secretário do MEC, Rossieli Soares da Silva, destacou que o Amazonas, através do Centro de Mídias, é referência na utilização de recursos tecnológicos para a educação e está servindo de modelo para políticas públicas na área. “Isto é motivo de grande orgulho para todos nós, do Amazonas”, disse.
Educação conectada
O programa prevê a maior ação de conectividade na rede de ensino brasileira das últimas duas décadas. A nova política, que conta com a parceria do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCTIC), objetiva a universalização do acesso à internet de alta velocidade nas escolas, a formação de professores para práticas pedagógicas mediadas pelas novas tecnologias e o uso de conteúdos educacionais digitais em sala.
“É importante que a escola tenha uma educação conectada, com formação dos professores e recursos pedagógicos. Queremos que a infraestrutura avance, garantindo conectividade com a internet que vem de fora e com a distribuição dos sinais dentro da escola”, avalia o ministro da Educação, Mendonça Filho. Segundo ele, a Política de Inovação Educação Conectada foca, justamente, nessas várias dimensões, “apoiando de forma ampla o uso da tecnologia em prol da educação”.
Na fase de indução, até o final de 2018, o MEC deve investir R$ 271 milhões nessa ação. Desse montante, R$ 255,5 milhões serão para melhoria da infraestrutura e conexão das escolas, o que inclui a ampliação da rede terrestre de banda larga, serviços de conectividade, infraestrutura de wi-fi, compra de dispositivos e aquisição de um satélite que vai levar internet de no mínimo 10 Mb a escolas da zona rural, onde a estrutura terrestre não é viável ou muito dispendiosa. Esse satélite de monitoramento, orçado em R$ 120 milhões, a serem pagos com recursos do MEC, será contratado em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
Os outros R$ 15,5 milhões da fase de indução irão financiar a formação de articuladores locais, construção de plataforma para disponibilização de cursos on line e produção de conteúdos específicos. A meta é que, até o final do próximo ano, 22.400 escolas, urbanas e rurais, recebam conexão de alta velocidade. O processo será concluído em todas as demais escolas públicas até 2024.
Atualização
O secretário de Educação Básica do Ministério da Educação, Rossieli Soares, lembra que o último grande plano de conectividade ofertado para o Brasil, o Proinfo, é de 1997. “Apesar de ainda estar em vigor, o Proinfo precisa de atualização”, ressalta. “Ele era muito focado em equipamentos e não cuidava de outras dimensões. Depois, surgiram políticas fragmentadas, ora pensando em conexão, ora em recursos. Pela primeira vez, estamos falando de todas as dimensões em conjunto e isso é muito importante para que a tecnologia possa realmente auxiliar a educação. A tecnologia tem que ter um fim pedagógico”, completa.
A Política de Inovação Educação Conectada é resultado de uma articulação horizontal e colaborativa que envolveu o MCTIC, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Comitê Gestor da Internet (CGI). O BNDES irá apoiar o financiamento da política e o CGI atuará no monitoramento da velocidade da internet a ser ofertada às escolas.
Essa política reúne um conjunto de diretrizes nacionais que visa garantir a todos os estados e municípios, por meio da tecnologia, a implementação de ações inovadoras em sala de aula. Ela se articula com políticas públicas já existentes ou em fase de implementação, como o Plano Nacional de Educação (PNE), a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a reforma do ensino médio, ofertando recursos de alta qualidade e novas opções de aprendizado e ensino a estudantes e professores, independentemente da região onde residam.
Também dentro da Política de Inovação Educação Conectada está previsto um plano de formação continuada para professores e gestores com cursos específicos sobre práticas pedagógicas mediadas por tecnologia, cultura digital e outros recursos educacionais, como robótica. Paralelamente, serão preparados articuladores locais. Entre 2017 e 2018, o MEC vai oferecer bolsas de três meses para 6,2 mil articuladores que irão atuar, localmente, no processo de construção e implementação das ações na rede.
Compartilhamento
Outro eixo importante é a Plataforma Integrada de Recursos Educacionais Digitais, cujo portal foi desenvolvido com base no conceito de rede social e busca estimular a criação e compartilhamento de recursos digitais entre alunos e professores. Esta plataforma integrará os diversos materiais digitais educacionais já desenvolvidos pelo próprio MEC e por institutos e fundações parceiras, como Lemman, Roberto Marinho, Crescer, Inspirare, Telefônica, Natura e Educadigital, além da Associação Nacional das Fábricas de Instrumentos Musicais e Áudio (Anafima) e da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão.
A adesão, desde a quinta-feira (23), se dá pelo Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle (Simec). Por meio do Simec, as secretarias de educação estaduais e municipais indicarão, a partir de critérios, as escolas que desejam compartilhar a nova política e que, posteriormente, deverão apresentar um plano de inovação e tecnologia na educação, conforme cronograma a ser lançado. O MEC vai auxiliar na formulação deste plano ao longo do próximo ano.