A equipe de investigação da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), sob o comando da delegada Juliana Tuma, titular da unidade policial, cumpriu na manhã de segunda-feira, dia 25, por volta das 11h30, mandado de prisão preventiva por estupro de vulnerável em nome do pedreiro Ivan Paulo Seabra Gomes, 28. A vítima é uma menina indígena de dez anos, do grupo étnico Apurinã. Tuma falou sobre o caso na manhã desta terça-feira, dia 26, durante coletiva realizada às 9h30, no prédio da Depca, na zona Centro-Oeste da cidade.
Conforme a autoridade policial, a prisão do infrator foi efetuada na casa onde ele morava, situada no Conjunto Campos Sales, bairro Tarumã, zona Oeste da capital. O mandado de prisão preventiva em nome de Ivan Paulo foi expedido no dia 21 de setembro deste ano, pela juíza Mirza Telma de Oliveira Cunha, no Plantão Criminal. Segundo Juliana Tuma, as investigações em torno do caso iniciaram no dia 2 de setembro deste ano, após a formalização do crime na especializada, pela mãe da vítima.
Tuma enfatizou que a menina relatou que o último abuso sexual ocorreu no dia 27 de agosto deste ano e que os estupros tiveram início quando ela tinha oito anos de idade. A criança afirmou a prática de conjunção carnal pelo infrator e argumentou que recebia presentes do pedreiro, como pulseiras, anéis e até mesmo um par de patins. A delegada informou, ainda, que a esposa de Ivan Paulo cuidava da vítima e de duas irmãs da menina, para que a mãe das crianças pudesse trabalhar.
A titular da Depca explicou que Ivan Paulo confirmou, durante depoimento, que ficava sozinho com a vítima, mas negou os estupros. Ao longo das diligências em torno do caso a garota recebeu atendimento psicossocial disponibilizado na especializada e foi submetida a exame de conjunção carnal no Instituto Médico Legal (IML), que constatou a prática libidinosa.
“Os parentes da vítima nunca suspeitaram que esse cidadão seria capaz de cometer o delito porque Ivan Paulo era considerado de confiança da família. Esse indivíduo vinha cometendo os estupros desde quando a vítima tinha oito anos de idade. Os laudos periciais confirmam os abusos. A esposa dele chegava a tomar conta da vítima e das irmãs dela, mas quando ela saía para a faculdade, ele acabava ficando com as crianças. Inclusive, uma das irmãs da vítima presenciou, por diversas vezes, Ivan Paulo levar a menina para o quarto e trancar a porta do cômodo”, relatou a delegada.
Juliana Tuma ressaltou que a vítima já estava demonstrando alteração de comportamento, baixo rendimento escolar, inclusive em leituras na escola ela chegava a ter episódio de choro. “Essas sensibilidades são comuns em pessoas vítimas de violência sexual. A mãe da menina chegou a desconfiar e perguntar da filha o que estava acontecendo, mas a vítima de abusos sexuais tem dificuldade de relatar a violência. A menina começou a ter alterações psicossomáticas físicas, dores no corpo, por conta da violência sofrida”, disse.
A criança informou, ainda, que o infrator a intimidava, alegando que se ela contasse algo para o pai dela, o homem mataria o pedreiro e depois seria preso. “Ele estava fazendo com ela terror emocional. O pedreiro tentava transferir para essa vítima a culpa se algo acontecesse com o pai dela. Esse tipo de prática é comum em casos de abusos e exploração sexual. Parece uma história repetida, mas não é. É mais uma nova história de estupro de vulnerável aqui na nossa cidade. O abuso sexual e sua peculiaridade cega. Ele cria uma venda nos olhos dos responsáveis. No que depender da Polícia Civil do Amazonas, nós combateremos de forma enérgica para que situações como essa sejam erradicadas da nossa sociedade”, pontuou Tuma.
Ivan Paulo foi indiciado por estupro de vulnerável. Ao término dos procedimentos cabíveis na delegacia, o infrator será levado para o Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM), onde irá permanecer à disposição da Justiça.