Convivendo com baixíssimos índices de popularidade, o presidente da França, François Hollande, do Partido Socialista, anunciou nesta quinta-feira (1º) que não se candidatará à reeleição no ano que vem, o que abre caminho para o primeiro-ministro Manuel Valls entrar na briga. As informações são da Agência Ansa.
Emocionado, Hollande disse ter avaliado os “riscos e as divisões” que sua eventual candidatura poderia representar para a esquerda francesa, já que aparece nas pesquisas atrás do conservador François Fillon e da líder do partido de extrema direita Frente Nacional, Marine Le Pen.
É a primeira vez na Quinta República, iniciada em 1958, que um presidente desiste de concorrer à reeleição sem ser por motivos de idade ou de doença. “Eu sou movido pelos melhores interesses do país. A experiência me deu a humildade necessária para a minha tarefa. Assim, eu decidi não ser candidato”, disse Hollande, de 62 anos.
Eleito pelo Partido Socialista em maio de 2012, ao derrotar o conservador Nicolas Sarkozy, o atual presidente chegou ao poder com a promessa de combater as altas taxas de desemprego no país, reduzir a idade mínima de aposentadoria e promover conquistas sociais, mas acabou atropelado pela crise econômica e pelas dificuldades políticas.
Com a piora da situação financeira da França, Hollande viu sua popularidade cair para os menores níveis da história do país. Em novembro, segundo o instituto Ipsos, 80% dos franceses eram contra o presidente. Sua imagem de chefe de Estado teve uma significativa melhora após os atentados em Paris em janeiro e novembro de 2015, mas a repetição de ataques terroristas na França acabou prejudicando sua aprovação.
Além disso, Hollande se desgastou com a esquerda ao aprovar uma reforma trabalhista que flexibiliza os modelos de contratação e permite a negociação de horas extras diretamente entre patrões e funcionários. Nas últimas pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial de 2017, ele aparece com menos de 10% da preferência, enquanto o ex-premier François Fillon tem cerca de 30%, e Marine Le Pen, aproximadamente 25%.
As primárias do Partido Socialista serão apenas em janeiro e devem ter como candidato o primeiro-ministro Manuel Valls, que também não goza de altas taxas de popularidade. De acordo com o Ipsos, 68% dos franceses são desfavoráveis a ele. Nos últimos dias, o Palácio do Eliseu havia dito que presidente e premier não poderiam concorrer um contra o outro e que Valls devia renunciar se quisesse entrar na disputa.