O rei da Espanha, Felipe VI, assinou hoje (3) decreto que dissolve o Parlamento do país e convoca novas eleições para o Legislativo. A medida foi necessária porque os principais partidos eleitos em dezembro do ano passado não conseguiram formar um governo de coalizão dentro do prazo, que terminou ontem (2).
Pela primeira vez desde a redemocratização da Espanha, em 1975, os eleitores terão que voltar às urnas para recompor o Parlamento, base do sistema parlamentarista. A nova eleição vai ocorrer no dia 26 de junho. É preciso que um partido obtenha maioria absoluta ou que dois ou mais partidos formem uma coalizão que atinja essa maioria. A partir daí, é escolhido o primeiro-ministro, que exerce o Poder Executivo junto com o gabinete de governo.
Há quatro meses a Espanha vive uma situação instável, com um governo apenas provisório, comandado por Mariano Rajoy, do Partido Popular (PP), o mais votado no pleito de dezembro, com 28,72% dos votos. Apesar de ter vencido a votação, o PP não conseguiu atingir a maioria necessária no Parlamento para formar um governo legítimo.
Fragmentação
As últimas eleições espanholas foram marcadas pela ascensão de dois jovens partidos: o Podemos, de esquerda; e o Ciudadanos, de centro-direita, que ficaram em terceiro (20,66%) e quarto lugares (13,93%), logo atrás do tradicional Partido Socialista (PSOE), que obteve 22% dos votos. O resultado do pleito acabou com mais de trinta anos de alternância de poder entre os socialistas e o PP, mas levou à fragmentação do Parlamento.
Nenhum partido quis fazer aliança com o grupo conservador de Rajoy, que governou a Espanha nos últimos quatro anos sob fortes denúncias de corrupção. Os socialistas tentaram se unir ao Podemos e ao Ciudadanos, mas não conseguiram convencer os primeiros a integrar uma coalização que não fosse totalmente de esquerda.
Perspectivas
Após o anúncio da convocação de novas eleições, o presidente do Parlamento espanhol, Patxi Lopez, disse esperar que “todos tenham aprendido a lição” para que o próximo Legislativo consiga chegar a um acordo.
Pesquisas eleitorais mostram que os padrões de votação não devem mudar muito em relação a dezembro do ano passado. O PP aparece como provável vencedor, com os socialistas em segundo lugar, ambos com desempenho semelhante ao das últimas eleições.
O que pode fazer diferença no pleito de junho é a aliança do Podemos com outro partido de esquerda, o Esquerda Unida, para superar os socialistas e se tornar a segunda maior força política na nova disputa eleitoral. Os dois partidos têm dez dias para formalizar a coalização. A campanha começa no dia 10 de junho.