De Arthur para Sérgio: “Com o nome que recebi dos meus maiores ninguém brinca e o senhor terá de respeita-lo”

O juiz Sérgio Moro, o xerife da Lava Jato e, agora, o 13º “líder” mais influente do mundo, segundo a revista norte-americana “Fortune”, aos poucos começa a necrosar do próprio veneno, destilado em dois anos de imaturidade jurídica com o claro propósito de ganhar notoriedade.

Entorpecido com a peçonha da fama, de prender corruptos e donos de empreiteiras que patrocinavam a base de propina campanhas eleitorais de figurões da República Brasileira, como Aécio Neves, por exemplo, Moro constrangeu, publicamente, com atitudes próprias de um adolescente, a presidente da república, Dilma Rousseff, com a divulgação de suas conversas privadas obtidas através de grampos telefônicos.

Sem contar que incitou o povo brasileiro ao confronto, com a convocação coercitiva de Luiz Inácio Lula da Silva para prestar depoimento à Polícia Federal, Moro permitiu o vazamento de 12 planilhas da Ordebrecht com mais de 200 nomes, como de Fernando Henrique Cardoso, Aécio Neves, Arthur Virgílio Neto, e tantos outros patrocinados pela empreiteira.

Arthur Neto, prefeito de Manaus, ex-deputado federal e ex-senador da república, ao tomar conhecimento da exposição de seu nome em documentos vazados da Lava Jato, de ser usado como mais um “brinquedinho” de Moro, agiu com a valentia, não daqueles que tremem, acovardados, mas com o destemor de um  amazônida acostumado a enfrentar banzeiro, quando este ameacça virar a sua canoa.

Mesmo polidamente, Arthur partiu para cima de Moro e, através de carta aberta, publicada nas redes sociais, advertiu: “Com o nome que recebi dos meus maiores, ninguém brinca. O senhor, portanto, terá de respeita-lo como eu, até o presente, tenho respeitado o seu.

Olha, isso que Arthur escreveu a Moro é pior do que o castigo que, provavelmente, sofrerá do Conselhor Nacional de Justiça (CNJ) pelos desatinos praticados na Lava Jato.

Arthur é assim mesmo, um autêntico “caboco” de boa cepa, que não tolera injustiças ou desaforo parta de onde partir. E não seria diferente com Moro, que tripudia como o povo brasileiro, isso sim, por notoriedade.

Veja a Carta na íntegra

CARTA ABERTA AO JUIZ SÉRGIO MORO

Tenho acompanhado, como brasileiro esperançoso, sua atuação à frente da operação Lavajato.
Daí a admiração que, de longe, passei a nutrir por sua pessoa.

Veja bem, dr. Moro, admiro muitos dos seus gestos, mas obviamente não o idolatro. A idolatria não seria benéfica para ninguém, principalmente para o senhor mesmo. Atitudes e sentimentos exagerados acabam por deformar o alvo das homenagens. Acredite nisso.

Li, com muita surpresa, uma certa lista – ou planilha, para usar palavra tão em moda nestes tempos tristes – que mistura o legal com o ilegal, o verdadeiro com o falso. Trata-se de um rol de nomes que teriam sido beneficiados com doações, em dinheiro, da empresa Odebrecht. Mas é preciso separar o que são doações legais de campanha, documentadas oficialmente aos TREs, do que chamam de propinas. Ao juntar todos em uma única lista, surgem as distorções.

Vamos aos fatos: recebi, em 2010, R$ 80 mil, a título de colaboração para a minha campanha de reeleição ao Senado. Tal doação faz parte da declaração que apresentei ao TRE-AM, que prontamente aprovou minhas contas de campanha. Mais ainda: fui deputado federal por 12 anos, secretário-geral do PSDB por 3, senador por 8, prefeito de Manaus pela segunda vez. Fui líder do governo Fernando Henrique, por duas vezes, e Ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência, no primeiro mandato desse mesmo ilustre presidente. Pois entrei e saí de postos tão nevrálgicos sem ter sido questionado por quem quer que fosse. E nunca beneficiei a empresa Odebrecht, ou outra qualquer, muito orgulhoso que fico de nunca ter recebido solicitações de qualquer sorte ou de qualquer. Aliás, desprezo quem oferece propina e desprezo também quem é procurado para recebê-la. O propineiros sabem as árvores que podem dar bons frutos e, portanto, jamais cruzam os caminhos das pessoas de bem.

Uma pergunta se recusa ao silêncio: que obséquio poderia o líder oposicionista (mais vigoroso) ao consulado do presidente Lula da Silva? Teria a Odebrecht doado à formidável quantia de R$ 80 mil para um senador que pudesse obter recursos a serem investidos no Porto Mariel ou em qualquer desperdício na Venezuela, na Bolívia e afins? Mais uma indagação, se o senhor não se aborrece em analisa-la: por quê esse vazamento tão eivado de injustiças. Mais outra: o q tenho eu a ver com a Lavajato? O que tem minha campanha de 2010 a ver com descaminhos futuros e desastrosos dessa empresa baiana?

Por quê então, dr. Moro, meu nome, nessa lista tão esdrúxula? Em mim e em quem me conhece, causou uma estranheza enorme. E eu não poderia calar, diante desse imerecido constrangimento.
Dr. Moro, o senhor é um bom e corajoso juiz. Isso deveria bastar-lhe. Não deslegitimize a Lavajato com vazamentos desse tipo.

Aguardo providências suas. Com o nome que recebi dos meus maiores, ninguém brinca. O senhor, portanto, terá de respeita-lo como eu, até o presente, tenho respeitado o seu.

Muito cordialmente, Arthur Virgílio Neto

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