As contas de luz de consumidores de 31 municípios atendidos pela Light, no Rio de Janeiro, incluindo a capital, vão sofrer a partir de hoje (7), um reajuste médio de 16,78%. O aumento aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) será aplicado de forma diferenciada por classe de consumo. Para os clientes residenciais, será de 15,99%. Na área rural, o percentual chegará a 21,69% e, para os clientes comerciais, a 19,57%. Entre os clientes abastecidos em alta-tensão, os percentuais vão variar entre 11,10% e 20,07%.
A Light informou que os percentuais foram definidos com base na inflação dos últimos 12 meses e também levaram em conta os efeitos da escassez hídrica sobre o custo da energia comprada e a variação dos encargos setoriais, em especial, da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). Contribuiu também para o cálculo a variação cambial. A compra de energia de Itaipu, cotada em dólar, é o principal efeito sobre as despesas da Light – equivale a 17% da energia comprada pela empresa.
Impacto na inflação
O economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) André Braz disse que a energia é uma das principais despesas e compromete, aproximadamente, 4% do orçamento das famílias. “No Rio de Janeiro, o reajuste anual previsto agora para novembro coloca essa taxa mais próxima à variação acumulada por outras cidades que já fizeram as suas revisões em 2015”, disse. Braz calculou que o impacto na inflação provocado pelo reajuste de 15,99%, para clientes residenciais, será de 0,7 ponto percentual, no fim de novembro e início de dezembro.
“A repercussão disso vai ser em dois meses: 0,5 ponto em novembro e 0,25 desse impacto fica para dezembro”, afirmou o economista. “Vai influenciar muito no índice da cidade, que é a segunda no índice da FGV e também no IPCA [Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo]. A primeira é São Paulo e a segunda, o Rio de Janeiro, em representatividade no índice nacional”, completou.
O economista destacou ainda que, para os clientes da área rural, o impacto pode ser na produção leiteira, nos casos dos produtores que precisam usar energia para conservar o leite. “Tem câmaras que resfriam o leite em regiões onde o escoamento da produção não é diário. Essas câmaras usam energia elétrica na maior parte delas. Isso acaba contaminando o preço de outros itens e ainda porque este aumento vem depois de tantos outros que aconteceram este ano”, disse.
Segundo ele, além desse reajuste anual, houve a introdução das bandeiras tarifárias e os reajustes extraordinários que ocorreram em março. “Quando a gente soma estes três movimentos, a conta soma mais de 50%”, destacou. Segundo a Light, os aumentos que ocorreram neste ano somam 56%.
Na avaliação de André Braz, quando é aplicado um reajuste, os consumidores podem usar menor energia, mas, com aumentos nesse patamar, fica difícil reduzir a impacto nas contas. “A gente não tem condições, com toda a economia que ainda é possível fazer, de driblar um aumento de 50%. Com um aumento de 5% ou 10%, é fácil administrar com a redução do consumo de energia e a conta fica, relativamente, estável sem grandes movimentos.”
Para os consumidores residenciais da empresa Ampla Energia e Serviços S.A., que distribui energia elétrica para 66 municípios do estado do Rio de Janeiro, o reajuste médio foi em março e ficou em 30,25%, incluindo o contratual praticado uma vez por ano e o extraordinário. A empresa cobre 73% do território estadual, na região metropolitana de Niterói e de São Gonçalo e os municípios de Itaboraí e Magé, atendendo a 2,92 milhões de clientes.