Jornalistas são detidos no Zimbábue por denunciar caça de elefantes

Três jornalistas do Zimbábue foram detidos por terem noticiado que policiais e responsáveis de parques nacionais teriam envenenado pelo menos 60 elefantes, para posterior tráfico de marfim, revelou hoje (3) uma organização de defesa da imprensa.

“Confirmamos a detenção de três jornalistas, situação que condenamos”, declarou à agência France Presse (AFP) Loughty Dube, diretor da organização não governamental Voluntary Media Council, do Zimbábue. “[Isso] é desumano numa democracia e uma violação da Constituição [do país, que] garante a liberdade de expressão”, completou.

O chefe de redação do Sunday Mail, Mabasa Sasa, o responsável do jornal pelos inquéritos, Brian Chitemba, e o repórter Tinashe Farawo foram levados para a esquadra central de Harare, segundo Loughty Dube. Questionada pela AFP, a polícia não quis comentar, indicando que divulgaria um comunicado ainda hoje.

Os três jornalistas são acusados de terem publicado informações falsas no Sunday Mail de domingo, informou hoje o diário governamental Herald.

O Sunday Mail afirmou que um oficial da polícia e vários dos seus homens estavam sendo investigados, assim como responsáveis dos parques nacionais e um empresário asiático, por suspeita de envenenamento de pelo menos 60 elefantes, em vários incidentes separados.

O envenenamento de pontos de água é uma forma usada para matar os elefantes, para depois lhes retirar as presas, vendidas sobretudo no mercado chinês para fabricar objetos em marfim.

No continente africano, cerca de 30 mil elefantes são mortos anualmente.

Os últimos dados da associação Elefantes sem Fronteiras indicam existirem 470 mil elefantes em liberdade.