O Banco Central mostrou um tom mais pessimista para o desempenho da economia neste ano no Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quarta-feira, 24. Para a inflação em 2015, a expectativa do BC subiu de 7,9% para 9%, o dobro do centro da meta de inflação (4,5%). A revisão para a projeção do IPCA neste ano veio depois das sucessivas surpresas com a inflação corrente.
Já para o Produto Interno Bruto (PIB) o órgão espera uma contração de 1,1%. Anteriormente, a projeção era de -0,5%. Ambas as expectativas fazem parte do cenário de referência do relatório. Pelo cenário de mercado, a previsão anterior do BC também era de 7,9% para o IPCA deste ano e agora está em 9,1%.
Está cada vez mais claro que a autoridade monetária desistiu de tentar levar a inflação para o centro da meta de 4,5%. Tampouco, deverá reduzir o indicador para o teto de 6,5%. Com isso, a equipe liderada pelo presidente Alexandre Tombini terá de escrever uma carta ao ministro da Fazenda explicando os motivos que levaram a instituição a não cumprir sua tarefa bem como dar indicações sobre o que fará para reverter o quadro de descontrole dos preços.
O BC tem dito que sua missão é combater os efeitos secundários da alta da inflação deste ano. O objetivo é evitar transmissão para 2016 por meio da inércia. Por conta disso, os analistas devem se debruçar sobre a nova projeção do BC para o IPCA de 2015 e tentar calcular o quanto haverá de carregamento para o ano que vem.
Apontados como os principais vilões da inflação no curto prazo, os preços administrados devem ter alta de 13,7% em 2015 no cenário de mercado e no de referência. No caso de tarifas de telefonia fixa, a estimativa está em 3%. Em relação aos reajustes das tarifas de energia elétrica, o BC projeta uma variação de 43,3% para 2015.
Ano que vem
O Banco Central também revelou a informação mais esperada pelo mercado financeiro dos últimos dias: sua projeção para o IPCA de 2016. Segundo o relatório, a inflação subirá 4,8% no ano que vem, pelo cenário de referência. A estimativa anterior da autoridade monetária era de 4,9%. A promessa do BC é entregar a inflação na meta de 4,5% no fim de 2016. Já no cenário de mercado, a previsão de alta de 5,1% para o próximo ano foi mantida.