Rede Globo atacou; jornais locais defenderam Melo. Agora é com a Justiça Eleitoral

*Por Hiel Levy

O cidadão comum, aquele que acorda cedo para ir trabalhar, passa o dia na batalha e à noite se senta no sofá para ver as notícias e as novelas, antes de dormir, não entende por que a Justiça às vezes leva tanto tempo para julgar um processo, se os juízes e promotores também trabalham todos os dias, como ele.

No episódio das denúncias apresentadas no último domingo pelo Fantástico, da Rede Globo, essa pergunta deve ter passado na cabeça de muita gente. Se a Polícia Federal flagrou e prendeu, o processo foi aberto e correu e já fazem quase cinco meses que isso aconteceu, por que a Justiça ainda não julgou?

É que o mesmo cidadão comum não domina as regras do jogo judiciário. Ele não entende quando um magistrado pede vistas de um processo e passa uma eternidade para devolve-lo. Nem quando outro solicita diligências e mais diligências para apurar o mesmo fato. Também não passa pela cabeça dele que um advogado possa usar manobras mais diversas para protelar um julgamento.

Para o eleitor que viu as propostas, decidiu, foi lá na urna e depositou o voto, sem negociá-lo, saber que alguém trocou o voto por uma grana pra formatura, ou por uma reforma de túmulo, ou ainda pelo financiamento de uma formatura, é decepcionante. Ele entende que é para isso que existe a Justiça.

Então, vamos continuar raciocinando com a cabeça do eleitor comum. O Fantástico mostrou uma denúncia grave, que envolve inclusive a utilização de dinheiro público para compra de voto. Os jornais de Manaus fazem hoje o contra-ponto, dando espaço para o governador José Melo se defender e atacar o adversário Eduardo Braga. Jogo equilibrado na mídia. Falta o que? A autoridade que está ali no meio, entre as partes, julgar se houve crime, quem é o criminoso e qual a punição.

Simples assim.

*Hiel Levy é jornalista profissional e administrador do blogdohielevy.com.br