Deu no Blog do Hiel – Este senhor está cometendo um crime gravíssimo contra a sociedade amazonense

Me diga com sinceridade, caro leitor: você se sente mais seguro hoje em Manaus? E você, que é do interior: sua segurança melhorou? Aposto que mais de 90% de vocês vai dizer que não e enumerar algumas razões. Então de onde vêm estes índices que o secretário de Segurança, o coronel Paulo Roberto Vital, insiste em divulgar, apontando a redução da criminalidade? Há um cheiro fortíssimo de manipulação.

Já ouvi várias histórias de gente que nunca havia sido assaltada ou vítima de violência e passou por essas situações nos últimos quatro anos. E tenho parentes que também foram vítimas do que parece ser uma escalada da criminalidade.

Duas histórias recentes ilustram bem a situação: a fuga em massa de presidiários, dos quais boa parte não foi recapturada, e o desafio lançado à Polícia pelo traficante João Branco.

Aparentemente, quem manda na Segurança hoje são os bandidos, a tal Família do Norte e o Primeiro Comando da Capital. Eles decretam penas de morte, capturas, solturas e até luto.

Aí o leitor simpatizante do governador José Melo ou de seus parceiros pode dizer: “E na época do Eduardo Braga, não era igual?

Bom, posso falar do que vivi. Eduardo não é um cara focado no aparelho policial em si. Ele sempre disse que queria tratar as causas da violência, não apenas as ocorrências. Por isso, no seu governo foram tomadas duas medidas que eu considero efetivas e deram muito resultado.

A primeira delas foi o Infopol, um sistema informatizado que mapeava o crime em tempo real. Nada de esconder ocorrências ou manipular estatísticas. O objetivo era saber onde estava a maior incidência e levar para aquela área projetos sociais e educacionais que ajudassem a evitar que mais jovens trilhassem o caminho da delinquência.

Foi assim que surgiu o Jovem Cidadão. O Infopol ajudou ainda a definir onde seriam instaladas escolas de tempo integral, Distritos Integrados de Polícia, etc.

A introdução do trabalho de assistentes sociais e psicólogos nos DIPs também foi importante para amenizar situações em que a ação da polícia mais atrapalhava do que ajudava, como as brigas de vizinhos, as contendas familiares, etc. Coisas banais, que poderiam evoluir para conflitos sérios.

Outra medida fundamental foi o investimento em inteligência policial. Monitorando os criminosos, alcançou-se vitórias fantásticas contra o tráfico e as organizações deles. Só que este trabalho não aparecia, nem podia aparecer.

O modelo que passou a ser adotado a partir de 2011 substituiu o ataque às causas pelo espetáculo. E é claro que não funcionou. Os bandidos, que sabem diferenciar as coisas, riram dos guardinhas nas ruas e passaram a dominar de novo as ações.

Talvez por isso o coronel Vital decidiu combater o crime na mídia, atacando com estatísticas duvidosas toda vez que os criminosos promoviam alguma ação espetcular.

E isso de manipular as estatísticas é o pior crime que ele poderia promover contra o Amazonas.