Por Arthur Neto (prefeito de Manus)
Os policiais militares haverão de ter fortes razões para reivindicar, ao governador do estado, atenção e condições de trabalho e de vida adequadas. A greve de policiais de qualquer latitude, até por se tratar de profissionais que legalmente portam armas, é claramente proibida pela Constituição Federal, no seu artigo 142, inciso IV. Ou seja, as reivindicações dessas categorias, por mais justas e legítimas que possam ser, devem ser tratadas em diálogos exaustivos, excluindo-se terminantemente a greve.
Percebo, claramente, ao mesmo tempo, a boa fé de quem acredita que, por essa via, haverá de obter conquistas profissionais, e a má fé de oportunistas que não se importam com a população desprotegida, ameaçada por saques e crimes de toda ordem.
Se a maioria almeja justas melhorias salariais e de carreira, à minoria de aproveitadores interessa o clima de caos que não conseguirão implantar na cidade.
Há algumas horas atrás postei minha posição sobre o momento vivido por Manaus. Agradeço o apoio da esmagadora maioria das pessoas que comentaram minhas palavras.
Um desses internautas, de modo bastante breve, chamou atenção para o fato de a segurança pública ser um dever do governo estadual e não da prefeitura que dirijo.
Do ponto de vista legal, isso é verdade.
Se porém, olharmos o quadro pelo ângulo do meu senso de responsabilidade sobre a cidade e o bem estar do seu povo, compreendam que não me passa pela cabeça a omissão.
Aguardo um chamado telefônico do governador.
Apoiarei um diálogo que seja franco e sincero, que precisará ocorrer nos limites da Constituição, da ordem, da legalidade.
Recomendo à população que não se deixe levar pelo pânico.
Há informações desencontradas, justamente porque há pessoas mal intencionadas empenhadas em colocar lente de aumento nos efeitos da crise.
Infelizmente, figuras menores, que não amam Manaus, pretendem criar um clima de terror, que só prejudica a sociedade. Querem substituir o diálogo aberto, que apoiarei desde já no trabalho de construção, por gasolina e fogo.
Entendo que a Presidenta da República deve ser informada, imediatamente, do quadro real, no seu tamanho exato. Sem aumentá-lo, sem diminuí-lo. Espero que não seja necessário solicitar a presença do Comando Militar da Amazônia, no policiamento às ruas e às vidas de Manaus.
As crises vêm com o malefício que produzem, mas também como uma janela de oportunidade para se repensar as causas que possam tê-las gerado.
É hora de dizer a verdade, sem meias palavras: os comandos devem recuperar a credibilidade necessária para evitar as quebras de hierarquia, os casos de indisciplina, as irregularidades administrativas. Tais problemas devem ser enfrentados, repito, sob a lei constitucional brasileira e não contra ela. Sob a Constituição, os policiais militares, que são parceiros privilegiados da minha administração, poderão contar com meu empenho e presença na busca de soluções para os problemas existentes.
Volto a pedir tranquilidade à população e diálogo sem greve aos policiais militares que porventura tenham sido convencidos de que esse é o melhor caminho. Na verdade não é. É o menos prudente, o menos sensato de todos. Na Bahia, por duas vezes aconteceu um verdadeiro caos. Nesta última vez, o acordo celebrado entre o governo daquele estado e os grevistas foi, segundo o governador petista Jacques Wagner, muito semelhante ao que teria sido oferecido à corporação antes do movimento.
Respeito a PMAM e seus integrantes. Sei que a grande maioria deles sabe responder com aplicação e honradez às exigências e às responsabilidades que cabem a cada um e ao conjunto da Força.
Meu dever é lutar, com todas as minhas forças para que Manaus não saia dos quadros da normalidade. Disso não abro mão. Minhas posições são claras tanto para os que possam com elas concordar, quanto para os que delas possam divergir.
Tenho certeza de que o bom senso prevalecerá. Manaus não pode ser refém de nada e nem de ninguém. Um abraço a todos.