Artur detonou Hissa para inserir Bisneto nas negociações em torno da eleição e do TCE

*Por Hiel Levy

Por trás de toda a cena que armou para afastar o vice-prefeito Hissa Abraão (PPS) das principais decisões políticas e administrativas do grupo que se instalou na prefeitura de Manaus estava um objetivo nada republicano do prefeito Artur Neto (PSDB): sabendo que sua carreira política não dura muito mais, ele quer deixar o filho Artur Bisneto bem acomodado e por isso vem negociando sua entrada em uma chapa majoritária e até sua nomeação para o Tribunal de Contas do Estado, em vaga que deve ser aberta em breve.

Bisneto é um político sem brilho, ao contrário do pai, que, mesmo com todos os defeitos, construiu uma longa e bem sucedida história na política amazonense. O episódio mais conhecido da carreira parlamentar do deputado é a famosa “desbundada” no Ceará, em 2003.

O pai sabe disse e entende que chegou a hora de dar o empurrão definitivo no rebento.

Nos bastidores, o prefeito inseriu o nome de Bisneto nas negociações. Insinuou a aliados que poderia indicá-lo vice de alguma chapa com chances de vencer a disputa pelo governo, inclusive aquela que será encabeçada por Eduardo Braga (PMDB). Para José Melo, que o assedia dia e noite, falou sobre a vaga que será aberta no TCE.

Seria uma saída mais do que honrosa para o jovem político, que não disse a que veio e só se elegeu sucessivamente porque o pai o puxou em todas as eleições. O emprego vitalício na corte de Contas é um presente e tanto.

Como quer negociar para o filho, Artur teria que tirar Hissa de seu caminho. Por isso, abriu mão de disputar o governo – uma alternativa altamente arriscada -, deu um “chega prá lá” no vice e saiu espalhando que este o teria enganado, quando na verdade o objetivo era outro.

*Hiel Levy é jornalista profissinal e administra o blogdohiellevy.com.br