O constrangimento é grande. O assunto é tão delicado que muita gente não se sente confortável em falar sobre ele. Mas a formação de gases está longe de ser algo fora do normal, ao contrário: a fermentação dos alimentos é parte do processo de digestão, sendo necessária para que ocorra o aproveitamento de uma série de nutrientes pelo organismo, como vitaminas, sais minerais e proteínas lácteas.
“Isso só é motivo de preocupação quando compromete a vida social, causa cólicas muito fortes ou põe em risco a dieta, devido à dilatação do estômago”, afirma o nutrólogo Laércio Gomes Gonçalves, de Brasília.
Tire as suas dúvidas sobre a formação de gases e se eles causam prejuízos à saúde:
Os gases estão sempre relacionados à alimentação?
Os gases se formam pela fermentação dos alimentos ingeridos, mas não podemos considerar necessariamente um problema de digestão.
“O processo acontece devido à ação das bactérias existentes em todo o trato digestivo, desde a boca até o último segmento do intestino grosso”, explica o nutrólogo Laércio Gomes Gonçalves, de Brasília.
A fermentação dos alimentos faz parte do mecanismo de retirada e aproveitamento de vitaminas, sais minerais e até mesmo das proteínas da carne, do leite e dos queijos, que precisam ser fermentadas para serem utilizadas.
O que acontece é que às vezes há um acúmulo maior desses gases resultantes da fermentação, que precisam sair por algum lugar. “Os carboidratos se destacam quando o assunto é formação de gases, como é o caso das verduras de folhas largas (couve e repolho), batatas e mandioca”, destaca o especialista.
Os derivados lácteos, como leite, queijos e iogurte, também estão mais sujeitos à fermentação – principalmente em situações de intolerância à lactose.
Além disso, mascar chicletes, fumar e beber refrigerantes pode favorecer os gases, principalmente a eructação (arroto).
Isso acontece simplesmente porque, ao adotar esses hábitos, também é consumido o ar do ambiente ou o gás do refrigerante, e eles precisam sair por algum lugar.
“Nesses casos a maioria das bolhas de gás são rompidas em contato com a mucosa ácida da parede do estômago, aumentando a ocorrência de arrotos, e não provocando distúrbios intestinais”, explica o nutrólogo.
Outros hábitos que podem aumentar a ingestão de ar são comer muito rápido e falar durante a refeição.
Além disso, o sedentarismo pode favorecer tanto os gases quanto a constipação. Isso porque passar muitas horas sentado provoca uma diminuição dos movimentos peristálticos (movimentos do trânsito dos alimentos e do bolo fecal), o que aumenta o processo de fermentação e formação de gases.
“Por outro lado, a diminuição da velocidade de digestão por ausência de movimentos após as refeições também contribui para a formação de gases, já no estômago, bem como dificulta a formação de bolo fecal.”