Em frente ao condomínio “Encontro das Águas”, na Avenida Pedro Teixeira, zona oeste, vive uma simpática família de jacaré que resiste, heroicamente, às agressões provocadas das águas poluídas e fétidas do igarapé do Franco, em Manaus (AM).Os simpáticos holligator, segundo os observadores mais atentos do condomínio de luxo, reúnem uma média de 120 indivíduos que se tornaram atração de todos que cruzam a ponte sobre o igarapé.
Atração até daqueles que defende de morte não só os adultos, mas também os filhotes que crescem a cada dia.
Como ninguém é capaz de agradar a todos, os queridinhos de uns não são visto com bons olhos por outros – aqueles que preferem defender a ecologia bem longe de seus ecossistemas, de preferência bem pertinho da telinha da televisão.
“Temos que defender os animais”, admite a assistente social Ana Amadeus Buenos, 38, mãe de quatro filhos. “Mais jacaré no condomínio nem pensar. E subirem e atacarem as crianças”? indaga a assistente social.
Mas enquanto os simpáticos dentuços exibem suas poderosas carcaças uma tremenda confusão ganha corpo no condomínio habitado por gente forte, como juízes, promotores, advogados, geólogos, entre outros poderosos.
E os jacarés, que vivem tranquilos naquele trecho do igarapé, apesar do elevado índice de poluição, estão bem no meio do conflito, entre aqueles que aqueles que os amam, com doce ternura, e aqueles que os odeiam.
E entre o verbo amar e odiar existe um terceiro verbo que é conjugado pelos mais radicais na forma infinitiva: matar.
Fora do condomínio existem, também, aqueles que não amam tampouco odeiam os habitantes do igarapé do Franco. São os moradores das cercanias do igarapé que adora caçar os bichinhos por malvadeza – uma ameaça a sobrevivência dos mesmos.
Preocupados, os moradores do Encontro das Águas com jeito de ambientalista prepararam um ofício reivindicatório à Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma) com vista a criação de medidas de proteção aos perseguidos, amados e odiados répteis que habitam bem no portão de entrada do conceituado condomínio Encontro das Águas.
Segundo o geólogo Frederico Cruz, que reside, um dos moradores do condomínio, os jacarés habitam o leito daquele igarapé há mais de 30 anos e que devido a isto não é justo que agora sejam expulsos ou eliminados de seu próprio habitat.
Fred defende a criação de uma área de preservação de vida silvestre em nome dos jacarés.
O igarapé é habitado por jacaretinga e jacaré-açu. Os maiores chegam a medir três metros de comprimento.