O trânsito em Manaus não para de ceifar vidas humanas, de aleijar e mutilar centenas de pessoas que no gozo pleno de suas vidas se aventuram sair de suas casas para algum lugar.
Os guardas municipais de trânsito – diga-se, o poder público – não estão nem aí para a balbúrdia nas ruas e na hora do rush ou não, eles se mandam para confortizinho dos shoppings e “deixam as águas rolar”.
Dados coletados pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) nos meses de março, abril e maio deste ano atestam que, em Manaus, a violência no trânsito e fora dele, desponta como das mais sérias ameaças à vida humana.
Nada menos do que 461 atropelamentos – 159 em março, 138 em abril e 159 em maio -,segundo apontam as estatística do órgão, foram registrados na cidade nesses três meses do ano.
Para que fique bem claro, os dados são apenas os contabilizados pelo Samu, o que implica afirmar que outros atropelamentos podem ter ocorrido sem que ele, o Samu, fosse acionado.
Se os números (461) correspondentes a atropelamentos arregalam os olhos, o que dizer do total de 1875 colisões registradas no mesmo período? Simplesmente de que as colisões quadruplicam em relação aos índices referentes a atropelamentos.
Em outras palavras: em Manaus, a média de atropelamento registrado pelo Samu é de 15 por dia contra 62 colisões.
Resultado: cerca de 2438 orientações médicas por mês – uma média 81 por dia – são feitas pelo Samu.
Agora por que tanta violência?
Simples. As verbas de mídia que a rigor deveriam ser usadas em campanhas educativas nunca ocorrem.
O que se vê – e isso não é nem uma novidade – são propagandas enganosas de culto a imagem e a personalidade do líder “empreendedor”. E como custa caro para o erário público tanta lambança para pouca realização.
São milhões e milhões de reais que vão direto para o ralo, ou melhor, para os bolsos estufados dos donos de veículos de comunicação enquanto médicos, professores, policiais e outras categorias trabalhadoras continuam com seus salários achatados.
E mais: os investimentos no trânsito são acanhados demais para uma cidade extremamente violenta. Faltam sinalizações, radares eletrônicos, redutores de velocidade e, sobretudo, campanhas educativas.
Se não bastasse tanto descaso que ceifa vidas humanas, aleija, mutila e infelicita, os guardas municipais de trânsito não estão nem aí para a balbúrdia nas ruas. Na hora do rush ou não, eles se mandam para confortozinho dos shoppings e “deixam as águas rolar”.
E para justificar os salários botam para multar os carros estacionados em vagas reservadas a idosos que não tenha no pára-brisa o selo do Itrans com a correspondente autorização.
Enquanto lá fora trânsito pega fogo.
Ultrapassagens perigosas, motoristas sem o cinto de segurança, motoqueiros alucinados a bom a furar o sinal fechado, entre tantos abusos, são comuns na rotina do atabalhoado trânsito de Manaus que clama por ordem e respeito à vida.
Na contramão
Há duas semanas (veja o resultado nas fotos), completamente na contramão, o motorista de um carro de placa JXA 8698, Aldemar Cunha de Oliveira, atropelou brutalmente o motociclista Nilton Pereira da Costa na Avenida Pedro Teixeira, em frente ao condomínio Europa.
Segundo versão de policiais, o acidente ocorreu por volta das 6 horas. Aldemar, conforme informaram, dirigia em alta velocidade desde a entrada da Estrada do Turismo quando atropelou covardemente Nilton Pereira.
O motociclista foi levado minutos depois para ao pronto socorro 28 de Agosto desacordado, com várias fraturas, todo arrebentado.
O resto dispensa comentário. As fotos, às vezes, valem mais que mil palavras.