Alimentos ultraprocessados favorecem o envelhecimento celular

Alimentos ultraprocessados, como salgadinhos de pacote, pratos prontos congelados, refrigerantes e biscoitos industrializados, estão ligados ao envelhecimento das células. A informação é de um estudo feito pela Universidade de Navarra, na Espanha.

 

O estudo analisou as dietas de 886 idosos, com idade média de 67,7 anos, e o comprimento dos telômeros, que são as “pontas” dos cromossomos – as estruturas responsáveis por armazenar o DNA dentro do núcleo das células. Normalmente as células humanas têm 23 pares de cromossomos, cada um com dezenas, centenas ou até milhares de genes.

Os telômeros funcionam como uma espécie de capa protetora. Eles não armazenam informação genética de fato, mas conservam a integridade do restante do DNA. Seu tamanho indica qual é a capacidade de a célula se replicar. Isso porque a cada vez que a ela se divide (no chamado ciclo celular), uma parte do telômero é perdida.

Assim, a alteração dos telômeros tem potencial para afetar uma enormidade de processos biológicos.

“Quando a célula atinge um certo limite de replicações, ela entra em senescência e pode morrer. Nesse estágio, ela produz citocinas (classe de moléculas) inflamatórias, o que acelera o envelhecimento dos tecidos do corpo”, explica Marcelo Mori, pesquisador e professor da Unicamp, que não participou do estudo.

Outros fatores influenciam

Outros fatores, além do passar do tempo, podem interferir no comprimento de telômeros. Dentre eles estão o contato com toxinas e obesidade (capazes de encurtá-los) ou câncer, que os prolonga, tornando a célula tumoral capaz de se replicar indefinidamente.

No trabalho, os cientistas mediram o tamanho dos telômeros a partir de DNA de uma amostra de saliva.  Com essa medição, foi constatado que, conforme o consumo reportado de ultraprocessados era maior, mais frequente eram os casos de telômeros curtos.

Foram descontados na análise estatística o possível efeito de fatores como idade e sexo, colesterol alto e tabagismo. Participantes que consumiam três ou mais porções de ultraprocessados ao dia tinham risco, em média, 82% maior de ter telômeros considerados curtos em relação a quem tinha consumo baixo, de menos de duas porções diárias.

“Acreditamos que a associação observada entre o consumo de alimentos ultraprocessados e o risco de ter telômeros curtos pode ser explicada por maior ingestão de sal, gordura saturada e açúcar, bem como ingestão inadequadas de fibras e micronutrientes. Os participantes que consumiram uma quantidade maior desses alimentos em nossa coorte tiveram maior ingestão de […] carnes processadas e menor ingestão de fibras, potássio, fósforo, magnésio, cálcio, frutas e vegetais; e uma menor adesão ao padrão alimentar mediterrâneo”, escrevem os autores no estudo. Com informações de Terra.