Da RFI – A matéria publicada no site do jornal francês desta quinta-feira (7) informa que o vídeo compartilhado no Twitter por Jair Bolsonaro para atacar o carnaval é “obsceno e provocou mal-estar” no país. A publicação é considerada uma “bomba escatológica”, escreve a correspondente do Le Monde em São Paulo, Claire Gatinois.
A reportagem explica que o carnaval estava no fim quando, de repente, Jair Bolsonaro, teve uma “pulsão moralizadora”, mas em nenhum momento a jornalista diz que o presidente é de extrema direita. Na quarta-feira (6), informa o texto, o chefe de Estado brasileiro, que faz campanha em defensa dos valores cristãos, compartilhou o vídeo, sem citar a fonte, mostrando um homem urinando em outro durante o desfile de um bloco. Poucas horas depois, um novo tuíte presidencial perguntava: “o que é um golden shower?”, completa o artigo, informando que a expressão desconhecida por ele quer dizer uma ducha de urina. As duas publicações provocaram uma onda de reações, que chegaram até a pedir o impeachment de Bolsonaro.
O texto ressalta que o carnaval é símbolo do hedonismo detestado pelas igrejas evangélicas que apoiam o presidente. Neste ano, a festa do rei momo “se mostrou cruel com Bolsonaro, que foi alvo de muitas caricaturas”.
“Atitude incompatível com o cargo”
Claire Gatinois cita o jurista Miguel Reale Junior que, em entrevista ao jornal O Globo, considerou a atitude do chefe de Estado “incompatível com a dignidade, a honra e o prestígio do cargo”. Mesma opinião tem o senador do PT, Humberto Costa. “O Brasil se transformou na piada do mundo. O país parece governado por um garoto de 12 anos, que parece não ter superado a fase anal de Freud”, comentou Chico Alencar, do Psol.
Diante das críticas dos adversários, os partidários do presidente revidaram com a hashtag #BolsonaroTemRazão.
“Impulsivo, agressivo e midiático”
A matéria termina lembrando que o presidente brasileiro adora uma polêmica e que multiplicou durante toda a sua carreira declarações homofóbicas, machistas e racistas que não o impediram de vencer as eleições de outubro de 2018. “Para desânimo de uma parte de seus conselheiros, ele não abandonou este estilo depois que assumiu o cargo máximo do país”.
A reportagem é encerrada com a queda da popularidade do presidente nas pesquisas. “Impulsivo, agressivo e midiático, Bolsonaro dá a impressão de estar sendo atropelado pelo cargo”. Entrevistado pelo jornal, o politólogo Ruda Ricci avalia que o presidente “perde aos poucos o controle da situação para os militares”.