Cerca de 160 policiais federais participam de uma operação deflagrada hoje (6) para apurar o desvio de recursos públicos destinados à construção de pontes e rodovias no Tocantins. Entre as 31 pessoas intimidadas a depor, estão o governador Marcelo Miranda e o ex-governador Siqueira Campos, que compareceram à Superintendência da Polícia Federal (PF), em Palmas, ainda durante a manhã.
Além dos mandados de intimação, 28 mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos no Tocantins, em Goiás, na Bahia, em Mato Grosso e no Distrito Federal. De acordo com a PF, a investigação foi motivada por um pedido do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e apura a suspeita da prática de crimes de peculato, corrupção ativa e passiva, crimes contra o sistema financeiro e fraudes na execução de contratos administrativos e formação de cartel.
Durante as investigações que culminaram na deflagração da chamada Operação Pontes de Papel, os policiais federais reuniram indícios de que políticos, empresários, funcionários comissionados e servidores públicos participavam das fraudes licitatórias. O núcleo político aprovava as obras e os termos dos contratos assinados com as construtoras contratadas, que se beneficiavam do suposto esquema simulando executar obras e serviços não prestados. Já o núcleo de servidores era formado por secretários, fiscais e servidores públicos que deixavam de fiscalizar o cumprimento dos contratos.
A PF estima que cerca de R$ 420 milhões tenham sido desviados dos cerca de R$ 1,4 bilhões investidos nas obras. O nome da operação, segundo a PF, faz referência à construção “de inúmeras pontes que não passaram de papel”, ou seja, de contratos não executados.
Em nota, a assessoria do ex-governador Siqueira Campos disse que ele está à disposição da Justiça para prestar os esclarecimentos necessários. “Como homem público, ele não se esquiva de responder a qualquer questionamento. Palmas e Tocantins conhecem as pontes construídas por Siqueira Campos, que jamais foi ordenador de despesas, gestor de contratos ou responsável por medições de responsabilidade técnica.”
A reportagem não conseguiu contato com o atual governador, Marcelo Miranda, nem com seus advogados. Procurada, a assessoria do governo estadual não se manifestou até a publicação do texto.