Reinauguração de torre de observação marca aniversário do Inpa

A mais antiga e robusta torre no dossel da floresta da Amazônia brasileira volta à ativa nesta quinta-feira (27), quando o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/ MCTIC) comemora 63 anos de funcionamento. A reinauguração da Torre do Km 14 da estrada ZF-2 faz parte da programação de aniversário do Instituto.

A programação conta ainda com edição especial do projeto de socialização do conhecimento Circuito da Ciência, na manhã da sexta-feira (28), e Virada Sustentável Manaus com cerca de 30 atividades educativas e culturais no fim de semana, sem contar que de quinta-feira a domingo (27 a 30) o Bosque da Ciência estará com entrada gratuita. O bosque fica na Rua Bem Te Vi, s/nº, Petrópolis, e funciona de terça-feira a domingo. Segunda-feira é fechado para manutenção.

As obras da torre começaram março deste ano. O objetivo da obra é permitir que mais pesquisas sejam implementadas e que exista maior interação com o público por meio do turismo científico e da divulgação dos conhecimentos. A torre está localizada no Km 14 do ramal ZF-2, com entrada na altura do atual Km 934 da BR-174 (antigo Km 50).

Construída na década de 1970 para propiciar medições meteorológicas, a torre da ZF-2 já serviu de base de pesquisas para diversos projetos do Inpa, nas áreas de fenologia de árvores, ciclos químicos atmosféricos, mudanças climáticas e de várias teses e dissertações de pós-graduação. Com seus 40 metros de altura e plataforma de 36 metros quadrados, cercado por 360 graus de floresta intacta até o alcançar da vista, também se tornou destino preferido para a observação e fotografia de aves e para cursos sobre a floresta amazônica.

Para o diretor do Inpa, Luiz Renato de França, essa torre tem um simbolismo interessante. Ao mesmo em que é que renovada com uma vertente mais turística e educacional, é também uma relíquia. “É o novo com o velho juntos numa formatação diferente para um novo momento do Inpa, que tem história e protagonismo de pesquisa na Amazônia”, destaca.

De acordo com França, apesar do período crítico pelo qual passa o país, o Inpa segue sua trajetória “relativamente bem”, cumprindo suas obrigações com pesquisas, publicações, eventos, colaborações, formação de recursos humanos e aproximação com a sociedade com as capacitações e visitações. Em agosto, o Instituto deve inaugurar o prédio da Coordenação de Capacitação.

“Gostaríamos de ter mais verbas para pesquisas e aumentar os nossos recursos humanos, mas temos expectativa de termos recursos suplementares e contratação de pessoal”, revelou França. Atualmente o Inpa possui 145 projetos de pesquisas em execução, cerca de 600 servidores na ativa dos quais aproximadamente 200 são pesquisadores e tecnologistas. De 2014 a 2016, o número de publicações científicas permaneceu estável, com quase 600.

Experiência inigualável

De acordo com o pesquisador do Inpa e integrante do projeto Museu na Floresta, o ornitólogo Mario Cohn-Haft, a torre da ZF2 é crucial para pesquisas e observações, oferecendo uma experiência inigualável. “Essa torre tem uma importância histórica, por ser a mais antiga da Amazônia ainda em pé e servindo de inspirações para outras torres. É um equipamento bem construído, de peso e grau de segurança incríveis”, lembra.
A recuperação da torre é uma obra do projeto Museu na Floresta, uma parceria do Inpa com a Universidade de Kyoto, e com o patrocínio da Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica). O projeto tem por finalidade a conservação da biodiversidade na Amazônia com base em um novo conceito de museu.

O Museu na Floresta oferece não apenas espaços expositivos tradicionais com uma narrativa de como podemos viver em harmonia com a floresta, mas mostra na prática, por meio de vivências, como isso é possível.

“Durante todos esses anos da torre ela nunca sofreu uma manutenção tão detalhada e minuciosa agora. Vamos ter novamente essa torre fantástica provavelmente por outros 50 anos no mínimo e que vai oferecer oportunidades para pesquisa e principalmente de visitação do não cientista que tem interesse na natureza, na preservação, como os observadores de pássaros”, disse a coordenadora no Brasil do projeto Museu na Floresta, a pesquisadora do Inpa vera da Silva.
Além de restaurar a torre da ZF-2, o Museu na Floresta está revitalizando estruturas existentes do Inpa, como a exposição na Casa da Ciência, o sistema de filtragem da água dos tanques dos peixes-bois, ambos no Bosque da Ciência, e faz a instalação da base de pesquisa e de turismo científico no rio Cuieiras, localizada na Reserva Ecológica do Cuieiras, próxima a Novo Airão.
“Essa infraestrutura que o Museu da Floresta proporcionará aos brasileiros é de grande importância, porque abrirá novas perspectivas de trabalho e logística facilitando nossa vida, dos alunos e dos visitantes”, ressaltou Silva.
As visitas técnicas e científicas nas reservas e estações de pesquisas do Inpa são previamente solicitadas à Divisão de Suporte às Estações e Reservas (Diser) do Inpa.