Revista dos EUA fala do legado do Rio 2016 e diz que Temer tem uma classificação de popularidade ao norte de zero

A centenária revista norte-americana “The Nation” publicou um artigo na última segunda-feira (24), escrito pelo editor de Esportes Dave Zirin, sobre o Rio de Janeiro pós-Jogos Olímpicos. De acordo com a publicação, o legado da Rio 2016 é “uma contagem de corpos” e que a crise vivida atualmente, como a da segurança, “era previsível”.

Dave Zirin, que esteve no Rio durante os Jogos, cita também as muitas mortes registradas na cidade, entre elas as de policiais. “Esta violência é estrutural, sem surpresa, e agora vem sendo jogada no chão. Houve um aumento dramático na violência urbana, com balas perdidas atingindo uma média de três residentes por dia e mortes tornando-se uma realidade cotidiana. (…) Noventa policiais também foram mortos nesse período de tempo”, diz o texto.

Outro ponto destacado no artigo é a situação econômica do país com a realização do maior evento esportivo da Terra.

“O PIB do país havia se quintuplicado, enquanto o líder do PT, Lula da Silva, foi presidente de 2003 a 2011. Mas este boom foi planejado em 2013 e 2014, com apenas vazamentos suficientes no motor para superar o país da Copa do Mundo de 2014. Mas, então, a economia começou a parar no início das Olimpíadas. Com suas finanças em farrapos, as Olimpíadas se tornaram como um abutre escolhendo a carne dos ossos desta cidade notável”, diz o texto.

O artigo ainda ressalta a crise política e ataca o presidente Michel Temer.

“No entanto, enquanto a crise era inevitável, nunca nos meus medos mais loucos achava que seria tão ruim assim. Os incessantes ataques ao padrão de vida dos pobres, liderados pelo presidente não eleito Michel Temer, que tem uma classificação de popularidade ao norte de zero, e o corte de programas sociais para pagar as contas olímpicas tem torturado o Rio”, acrescenta Dave.

Por fim, o a “The Nation” fala em desigualdade social e também faz um alerta para que as próximas cidades a sediar os Jogos Olímpicos de Verão evitem problemas de “legado”.

“As Olimpíadas são a vanguarda de uma economia global desigual e inexplicável, na qual os ricos e poderosos deslocam o mundo lançando grandes festas apenas para fugir quando os tempos se tornam difíceis, forçando todos os outros a suportar o peso do militarismo violento do estado que eles deixaram para trás (…) .Eu também penso em Los Angeles e seu prefeito, Eric Garcetti, agarrando as Olimpíadas de verão 2024 ou 2028. (…) É uma receita de violência que Garcetti e seus amigos estão ignorando alegremente. Deixe-os conhecer a verdade do Rio: não importa o país, o legado olímpico que sempre deixa a marca mais duradoura é a contagem do corpo”, finaliza.